O cantor e compositor jamaicano Ziggy Marley passou tanto tempo em casa em 2020 que batizou seu álbum mais recente de “Family Time”. “Sou um homem da estrada e sempre vivi em turnês, mas com a pandemia fui forçado a me tornar um homem de família”, brinca. A leveza de Ziggy contrasta com o peso que ele carrega sobre as costas: é filho de Bob Marley, uma das maiores lendas da música mundial. No ano passado, a lenda do reggae faria 75 anos; em 2021, serão 40 de sua morte. “A música do meu pai é eterna e atemporal. Foi criada por Deus, Jah, Krishna, qualquer nome que você queir dar ao Criador.” Ziggy mantém o otimismo, mesmo durante esses tempos sombrios. “Há dias melhores à frente, só depende de nós. Se você é um homem bom, fará coisas boas. Temos de pensar assim para o mundo evoluir.” Para Ziggy, o problema é que os gananciosos fazem muito barulho. “A maioria das pessoas é boa, mas atualmente precisamos falar mais alto para sermos ouvidos.” Ele aceitou o convite para participar de “America Vibra” (leia texto à dir.) porque sua conexão com o Brasil e o México o faz pensar no futuro do planeta. “Aprendo muito quando vejo meus filhos brincando. Temos de ensiná-los a cuidar da natureza e não espalhar o ódio. Afinal, o mundo todo é uma grande família.”

Vibrações da América

Kobra

A banda brasileira Natiruts lança essa semana uma canção que tem tudo para se tornar um hino do reggae: “América Vibra” tem participação de Ziggy Marley e da mexicana Yalitza Aparicio, atriz de origem indígena indicada ao Oscar pelo filme “Roma”. Cantada em português, inglês e espanhol, é um manifesto pela união dos povos do continente. Para Alexandre Carlo, vocalista do Natiruts, a sociedade não tem mais espaço para errar. “A raça humana não está acabando com a natureza, está acabando com a própria humanidade.” O belo clipe foi dirigido por Rick Brombal e a arte da capa (abaixo) é do muralista brasileiro Kobra.