Zico nega rivalidade com Maradona: ‘Era um grande amigo’

ROMA, 27 NOV (ANSA) – O ex-jogador brasileiro Arthur Antunes Coimbra, conhecido como Zico, negou nesta sexta-feira (27) uma possível rivalidade com o craque argentino Diego Armando Maradona, morto no último dia 25 de novembro, vítima de uma parada cardiorrespiratória.   

Em uma entrevista à emissora Sky Sports, Zico lembrou de sua amizade com Maradona e afirmou que jamais esquecerá sua “grande generosidade”. Os dois atuaram na Itália praticamente na mesma época. O brasileiro vestiu a camisa da Udinese entre 1983 e 1985, enquanto Maradona jogou no Napoli, de 1984 a 1991.   

“Muita gente queria estabelecer uma rivalidade entre mim, Maradona ou [Michel] Platini, também pelo antagonismo entre Brasil e Argentina, mas nunca me preocupei com isso. Acredito que cada um de nós tem o que merece”, revelou.   

A última partida de Zico defendendo a Udinese foi contra o Napoli, de Maradona. No confronto, a equipe do brasileiro vencia por 2 a 1, até que o argentino igualou o placar em 2 a 2 com um gol marcado com a mão.   

O episódio ocorreu no ano anterior à Copa do Mundo de 1986, quando Maradona superaria os ingleses com a célebre “mão de Deus” e garantiria a vitória da Argentina por 2 a 1, nas quartas de final do Mundial do México.   

Na época, Zico reclamou da arbitragem em entrevista pós-jogo, o que lhe custou caro. “Naquela ocasião sofri quatro jogos de desclassificação, foi a minha última partida na Itália. É difícil para um atacante da direita não perceber que toca com o punho para fazer um gol, parecia um grande campeão de vôlei”, lembrou o brasileiro, afirmando que posteriormente “brincou” muito com Maradona sobre o ocorrido.   

“Você treinou bem para fazer ‘a mão de Deus’ na Copa do Mundo do México?”, questionava Zico ao argentino.   

Durante a entrevista, o ex-jogador do Brasil também contou outra anedota sobre o “Pibe de Oro” para explicar a relação entre os dois.   

“Tive uma grande amizade com Maradona. Ele sempre foi muito generoso com palavras e ações. Organizo um jogo beneficente no final de ano e, no segundo ano, Diego veio e mostrou grande generosidade”, lembrou.   

Zico ressaltou que depois da partida levou o argentino para sua casa para jantar. “Enquanto eu estava fora, meu filho mostrou a ele os troféus que eu ganhei na carreira e ele ficou todo animado. Ele estava vindo de um momento difícil”.   

“Eu não sei se ele ainda tinha seus troféus, ele os havia dado ou outra coisa. Naquela noite, ele deu um grande abraço no meu filho e disse: ‘lembre-se para sempre que foi isso que o teu pai deu a ti e aos outros filhos. Ele chorava, foi um momento inesquecível de generosidade para com meu filho. Não me esqueço disso “, contou Zico.   

Considerado uma das lendas do futebol argentino e mundial, Maradona era um personagem carismático, controverso e idolatrado como nenhum outro no país latino. Ele morreu na quarta-feira (25), aos 60 anos de idade, após sofrer uma parada cardiorrespiratória na clínica Tigre. Seu funeral paralisou a Argentina e foi marcado por lágrimas e confrontos entre os fãs e a polícia. (ANSA)