O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), atribuiu à “inabilidade externa” do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a responsabilidade pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar em 50% todos os produtos brasileiros exportados ao país.
“O Brasil começou a afrontar seus clientes. Você não pode tratar mal quem compra seus produtos”, afirmou Zema nesta sexta-feira, 11, durante participação na Expofica, feira industrial e comercial na cidade de Andradas, sul de Minas Gerais. Veja vídeo:
Ver essa foto no Instagram
“O governo [Lula], além de inábil internamente, com uma gastança que provoca inflação e juros altos, se mostra inábil externamente, se aliando a quem não deveria. Está próximo de ditadores, mas prega democracia”, concluiu, reforçando a estratégia de aliados de Jair Bolsonaro (PL) de atrelar as tarifas à gestão petista.
Sob condição de anonimato, um político do município classificou à IstoÉ a visita de Zema como “publicidade” para seus planos de concorrer ao Palácio do Planalto em 2026. No cargo desde 2019, ele ainda não havia realizado agendas em Andradas. Hoje, é um dos postulantes ao espólio eleitoral de Bolsonaro, que está inelegível até 2030, para enfrentar Lula nas urnas.
Zema joga com Bolsonaro
Na carta em que anunciou a retaliação comercial, Trump disse que ex-presidente, réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado, sofre uma “caça às bruxas” pelo Judiciário brasileiro. Desde então, políticos de oposição, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, também culparam Lula, enquanto o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) comemorou as sobretaxas.
Zema, vale lembrar, chegou a mudar de tom quanto ao tarifaço. Inicialmente, o mineiro mirou no petista e evitou criticar o americano, mas menos de 24 horas depois, chamou a medida dos EUA de “errada” e “injusta” em vídeo. Nesta sexta, voltou a afirmar que as taxas são um “desastre” para a economia mineira. Com validade prevista a partir de 1º de agosto, elas podem gerar cortes drásticos nas exportações brasileiras.
Nas horas que antecederam a entrevista do governador, o embate diplomático teve fatos novos. Tarcísio de Freitas se reuniu com o encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, para pedir um recuo; Trump prometeu conversar com Lula “em algum momento”; e o petista responsabilizou Eduardo Bolsonaro e sua atuação para livrar o pai de punições judiciais pelas taxas, mantendo a promessa de agir com reciprocidade.