Zelensky recebe apoio de aliados europeus após bate-boca com Trump

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US President Donald Trump and Ukraine's President Volodymyr Zelensky meet in the Oval Office of the White House in Washington, DC, February 28, 2025. Zelensky on February 28 told Trump there should be "no compromises" with Russian President Vladimir Putin as the parties negotiate to end the war after Moscow's invasion. (Photo by SAUL LOEB / AFP) Foto: SAUL LOEB / AFP

A Europa enfrenta um “momento único” para consolidar sua “segurança”, disse, neste domingo (2), o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, ao abrir uma cúpula com quase 20 países e organizações aliadas da Ucrânia na presença do presidente desse país, Volodimir Zelensky, dois dias depois de seu forte bate-boca com Donald Trump na Casa Branca.

Os 18 dirigentes presentes na cúpula com Zelensky tinham diante de si “um momento único em uma geração para a segurança da Europa”, disse Keir Starmer.

“Espero que saiba que estaremos todos com você e com o povo da Ucrânia durante o tempo que for necessário. Todos ao redor desta mesa”, disse Starmer ao líder ucraniano, sentado a seu lado.

O primeiro-ministro britânico havia anunciado, algumas horas antes do início da cúpula, que Reino Unido e França estão trabalhando com a Ucrânia “em um plano para o fim dos combates” no conflito desse país com a Rússia.

“Estabelecemos que o Reino Unido, junto com a França e talvez mais um ou dois [países], vão trabalhar juntos com a Ucrânia em um plano para o fim dos combates, e depois discutiremos esse plano com os Estados Unidos”, disse Keir Starmer à emissora BBC.

O premiê britânico, e os presidentes de França e Ucrânia, Emmanuel Macron e Volodimir Zelensky, viajaram esta semana, em eventos separados, para Washington para se encontrarem com o presidente americano.

A reunião deste domingo em Londres busca acordos em matéria de segurança e mostrar seu apoio a Ucrânia, e foram convidados os dirigentes de França, Alemanha, Dinamarca, Itália, Turquia, Países Baixos, Noruega, Polônia, Espanha, Finlândia, Suécia, República Tcheca e Romênia, entre outros.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, e os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa, bem como o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, também estão presentes na cúpula.

“Estamos todos muito comprometidos com um objetivo que queremos alcançar, que é uma paz justa e duradoura na Ucrânia. Acho que é muito importante que evitemos o risco de o Ocidente se dividir”, apontou a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

Meloni também se reuniu com Zelensky à margem da cúpula.

“A reunião reafirma o apoio da Itália à Ucrânia e a seu povo, bem como o compromisso, com seus parceiros europeus, ocidentais e dos Estados Unidos, de construir uma paz justa e duradoura, que garanta um futuro de soberania, segurança e liberdade para a Ucrânia”, disse o governo italiano em comunicado.

Ucrânia e Europa acompanham com preocupação a aproximação entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin, que iniciaram negociações bilaterais para encerrar a guerra sem convidar a Ucrânia nem os europeus.

“No século XXI, as relações entre os países são de alianças, não de vassalagem. A época dos países subordinados acabou. Hoje defendemos uma ordem internacional de países livres, iguais e soberanos. Por isso defendemos a Ucrânia perante a ameaça neoimperialista de Putin”, escreveu o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, na rede social X, antes da reunião de Londres.

O governo britânico firmou na noite de sábado um acordo de empréstimo de 2,26 bilhões de libras esterlinas (R$ 16,6 bilhões) para apoiar as capacidades de defesa da Ucrânia.

“Todos na Europa terão que dar mais” para apoiar a Ucrânia, disse neste domingo, na rede social X, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte.

Os participantes também discutem na cúpula “a necessidade de que a Europa desempenhe o seu papel em defesa” e os “próximos passos no planejamento de fortes garantias de segurança” no continente, diante do risco da retirada do guarda-chuva militar e nuclear dos Estados Unidos.

A tensão disparou após a altercação verbal de sexta-feira na Casa Branca, na qual Trump repreendeu Zelensky, acusando-o de apostar “com o risco de uma terceira guerra mundial”.

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse neste domingo que o seu país poderia usar seus laços amistosos com Washington para persuadir os Estados Unidos a apoiarem mais a Ucrânia.

Tusk acrescentou que a Polônia “será mais ouvida” devido a seus altos gastos em defesa e “relações muito boas com os americanos”.

– Aperitivo da cúpula de Bruxelas –

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a mudança radical na política externa dos Estados Unidos em relação à Rússia coincidia “amplamente” com a visão de Moscou, em entrevista exibida neste domingo na televisão estatal.

A reunião de Londres neste domingo chega antes de outra cúpula europeia sobre a Ucrânia prevista para 6 de março em Bruxelas.

Em uma entrevista com vários jornais, o presidente francês Emmanuel Macron disse esperar que os países da União Europeia avancem rapidamente para um “financiamento maciço e comum” que represente “centenas de bilhões de euros” para construir uma defesa comum.