Zelensky e enviados dos EUA continuam negociações em Berlim sobre guerra

BERLIM, 15 DEZ (ANSA) – O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e enviados de seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, continuam realizando negociações nesta segunda-feira (15) em Berlim para tentar estabelecer um plano para encerrar a guerra com a Rússia.   

Um fonte próxima às conversas revelou à AFP que os negociadores norte-americanos – Steve Witkoff e o genro do republicano Jared Kushner – exigem que a Ucrânia abandone a região do Donbass.   

Segundo o relato, a posição tem sido reiterada nas conversas diplomáticas recentes, em meio aos esforços internacionais para avançar em negociações de paz.   

Nos últimos dias, Zelensky afirmou que os Estados Unidos vêm propondo, como possível compromisso, a criação de uma “zona econômica livre” nas áreas do leste de Donbass atualmente sob controle da Ucrânia, mas que a Rússia exige que sejam cedidas.   

Segundo o presidente ucraniano, a cessão de território continua sendo um dos principais pontos de impasse nas negociações. Ele defende que qualquer concessão territorial só poderia ser feita após a aprovação da população ucraniana por meio de um referendo.   

Enquanto isso, Kiev tenta encontrar um equilíbrio em um plano de 28 pontos apoiado pelos Estados Unidos, cuja versão original foi amplamente considerada favorável a Moscou.   

Hoje, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência Tass, afirmou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está aberto a um acordo de paz abrangente, mas se opõe a tréguas temporárias. A declaração foi dada após Zelensky propôs, em negociações com os EUA, congelar o conflito nos moldes atuais.   

“Putin está aberto à paz, à paz verdadeira e a decisões sérias.   

Decididamente não está aberto a qualquer artifício destinado a atrasar o processo e a criar tréguas artificiais e temporárias”, concluiu o russo.   

Além disso, Peskov destacou que, “para a Rússia, a recusa da Ucrânia em aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é “a pedra angular” das negociações de paz e exige garantias legais específicas.   

O porta-voz de Putin comentou ainda que a questão “exige consideração especial, tendo em vista outras questões” e enfatizou que “é necessário chegar a um acordo juridicamente vinculativo”. “Naturalmente, esta questão é fundamental e deve ser discutida separadamente; é a base do processo de negociação”, acrescentou.   

Apesar dos entraves, as autoridades alemãs acreditam que as negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia entraram em uma fase crucial. “As negociações nunca foram tão sérias como agora”, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, em entrevista à rádio Deutschlandfunk.   

De acordo com ele, ainda será necessário aguardar até o fim da semana para avaliar se os esforços diplomáticos resultarão em avanços concretos.   

Apesar do tom cautelosamente otimista, ressaltou que ainda há incertezas quanto à disposição do Kremlin. “O que ainda não sabemos é se Putin tem uma vontade real de acabar com esta guerra”, concluiu Wadephul.   

Stefan Kornelius, porta-voz do chanceler Friedrich Merz, também classificou os encontros iniciais como produtivos. “As reuniões dos últimos dois dias foram muito bem-sucedidas”, afirmou.   

Enquanto os esforços diplomáticos avançam, a situação no campo de batalha segue tensa. No leste da Ucrânia, entre 100 e 200 soldados russos permanecem cercados na cidade de Kupyansk, após forças ucranianas terem recapturado posições estratégicas na região.   

A informação foi divulgada pelo chefe do departamento de comunicações do Grupo de Forças Conjuntas da Ucrânia, Viktor Tregubov, em declarações citadas pelo jornal Ukrainska Pravda.   

Segundo ele, estimativas da inteligência militar indicam a presença limitada, porém significativa, de tropas russas isoladas na área.   

Por sua vez, o Ministério da Defesa de Moscou anunciou que as forças russas capturaram a vila de Peschanoye, na região de Dnipropetrovsk, no leste da Ucrânia.   

“Unidades do Grupo de Forças do Leste, após ação decisiva, libertaram a vila de Peschanoye, na região de Dnipropetrovsk”, afirmou o comunicado. (ANSA).