O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, defendeu nesta quarta-feira (23) uma alteração legislativa que limita a independência de dois importantes órgãos anticorrupção, uma reforma que desencadeou os primeiros protestos no país desde o início da guerra contra a Rússia.
A lei adotada na terça-feira foi criticada pelos ativistas anticorrupção na Ucrânia, que alertam que a crescente pressão do governo ameaça as reformas necessárias para ingressar na União Europeia.
A Comissão Europeia manifestou na terça-feira sua preocupação com a reforma, que classificou como um “grave retrocesso”, e nesta quarta-feira a chefe do Executivo da UE, Ursula von der Leyen, exigiu “explicações” a Zelensky.
Zelensky rejeita as críticas afirmando que a lei é necessária para erradicar uma suposta influência russa nas instituições anticorrupção, acusação que os ativistas negam.
A lei coloca o Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) e a Procuradoria Anticorrupção Especializada (SAPO) sob a autoridade direta do procurador-geral, que é nomeado pelo presidente.
Após se reunir com Zelensky, representantes de ambos os órgãos reiteraram suas críticas às mudanças e afirmaram que “são necessários passos legislativos inequívocos para restaurar as garantias revogadas pelo Parlamento”.
O procurador-geral, Ruslan Kravchenko, declarou em uma coletiva de imprensa que mantém sua independência.
A adoção da lei pelo Parlamento na terça-feira desencadeou manifestações em Kiev, o primeiro grande protesto na capital ucraniana desde a invasão russa em 2022. Mais de 1.000 pessoas participaram, apesar de a lei marcial proibir concentrações multitudinárias.
Zelensky promulgou a lei na terça-feira, enquanto os manifestantes se reuniam sob o lema “Vete a lei”.
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