O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky criticou, nesta terça-feira (19), a posição de neutralidade que Jair Bolsonaro assumiu em relação ao conflito com a Rússia. A informação vem de uma entrevista exclusiva com a correspondente da Globo Raquel Krähenbühl.

Na entrevista, que foi a primeira concedida a um veículo da América Latina, Zelensky contou como foi a conversa que teve com o presidente Bolsonaro por telefone. “Ontem eu falei com o presidente Bolsonaro e sou grato a ele por essa conversa. Não foi a minha primeira conversa com o presidente do Brasil. Eu não apoio a posição dele de neutralidade. Eu não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo”, disse.

“Preciso de uma posição do Brasil”, pressionou o ucraniano. “Se amanhã alguém atacar vocês, não ficaremos neutros, independentemente do histórico da nossa relação com esse país que venha a violar a sua soberania. Se alguém capturar a sua terra, matar o seu povo, estuprar as suas mulheres, torturar as suas crianças, como poderei dizer que sou neutro? Eu não tenho esse direito, esse é o mundo moderno”, analisou.

Zelensky fez, ainda, uma analogia com a Segunda Guerra Mundial. “Muitos líderes ficaram neutros num primeiro momento. Isso permitiu que os fascistas engolissem metade da Europa e se expandissem mais e mais, capturando toda a Europa. Isso aconteceu por causa da neutralidade. Ninguém pode ficar no meio do caminho, ninguém pode dizer ‘vou ser um mediador’. Mediador de quê? Um mediador na guerra? Entre quem?”


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