O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou nesta segunda-feira, 29, a Rússia de mentir sobre um suposto ataque contra uma residência do presidente russo, Vladimir Putin.
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“Agora os russos inventaram uma história obviamente falsa sobre algum tipo de ataque à residência do ditador russo, para terem uma desculpa para continuar seus ataques contra a Ucrânia”, declarou o líder ucraniano em seu canal no Telegram.
O chefe de Estado ucraniano observou que as declarações do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, constituem “afirmações perigosas”, destinadas a “minar o progresso” alcançado pelas equipes de negociação ucranianas e americanas na busca da paz.
Lavrov acusou as forças da Ucrânia de atacarem com 91 drones uma das residências de Putin, localizada na região de Novgorod, na madrugada desta segunda-feira.
Ele acrescentou que todos os drones lançados por Kiev foram destruídos e não foram reportadas vítimas nem relatados danos causados pela queda de fragmentos.
Lavrov afirmou que Moscou não tem intenção de se retirar do processo de negociação com Washington, mas revisará sua postura em relação ao acordo com Kiev.
“Dada a completa degeneração do regime criminoso de Kiev, que se voltou para uma política de terrorismo de Estado, as posições da Rússia serão reconsideradas”, completou, ressaltando que as ações de Kiev “não ficarão impunes”.
Garantias de segurança
Os Estados Unidos ofereceram garantias de segurança à Ucrânia por um período de 15 anos como parte do plano de paz negociado entre Kiev e Washington, disse Volodimir Zelensky nesta segunda-feira, um dia após seu encontro com o presidente americano, Donald Trump, na Flórida, EUA.
Zelensky, porém, afirmou que preferiria um compromisso americano de até 50 anos para dissuadir a Rússia de novas tentativas de tomar seu território pela força. “Eu disse a ele [Trump] que gostaríamos muito de considerar a possibilidade de 30, 40 ou 50 anos”, disse o ucraniano.
Segundo Zelensky, Trump afirmou que consideraria estender as garantias de segurança para além dos 15 anos. Ele disse que essas garantias seriam aprovadas pelo Congresso dos EUA e pelos parlamentos dos demais países envolvidos na supervisão de um futuro acordo.
Zelensky quer que o plano de paz de 20 pontos em discussão seja aprovado pelos ucranianos em um referendo nacional. No entanto, a realização de uma votação exigiria um cessar-fogo de pelo menos 60 dias, sendo que Moscou não demonstra nenhuma disposição para uma trégua sem que haja um acordo completo.
Impasse em questões fundamentais
Neste domingo, Trump afirmou que a Ucrânia e a Rússia estariam “mais perto do que nunca” de um acordo de paz.
Os negociadores ainda buscam avanços em algumas questões fundamentais, incluindo quais forças devem se retirar de quais posições nas frentes de batalha na Ucrânia, e o destino da usina nuclear de Zaporíjia, ocupada pela Rússia, uma das dez maiores do mundo.
Trump, no entanto, observou que as negociações lideradas pelos EUA, que já duram meses, ainda podem fracassar.
“Sem garantias de segurança, de maneira realista, esta guerra não terminará”, disse Zelensky a repórteres em mensagens de voz enviadas em resposta a perguntas enviadas por jornalistas através do aplicativo de mensagens WhatsApp.
A Ucrânia está em estado de guerra com a Rússia desde 2014, quando Moscou anexou ilegalmente a Península da Crimeia e separatistas apoiados pelo Kremlin deram início a uma insurgência separatista no Donbass, uma região industrial de importância estratégica no leste da Ucrânia que inclui grande parte das províncias ucranianas de Donetsk e Lugansk.
Em meio a incertezas, Putin mantém ofensiva
Os detalhes das garantias de segurança não foram divulgados, mas, segundo Zelensky, elas incluem a forma como o acordo de paz deverá ser monitorado, bem como a presença de países parceiros, sem dar mais detalhes. A Rússia, no entanto, já afirmou que não aceitará o envio de tropas de países da Otan para a Ucrânia.
Enquanto alguns indícios sugerem que as negociações podem chegar a um impasse em janeiro, antes do quarto aniversário da invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, relatou nesta segunda-feira que suas tropas avançaram na região leste de Donetsk e também intensificaram sua ofensiva ao sul de Zaporíjia.
Em uma reunião com oficiais militares de alto escalão, Putin enfatizou a necessidade de criar zonas de segurança militares ao longo da fronteira russa. “Esta é uma tarefa muito importante, pois garante a segurança das regiões fronteiriças”, afirmou.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que os aliados europeus da Ucrânia se reunirão em Paris no início de janeiro para “finalizar as contribuições concretas de cada país” para as garantias de segurança.