Zé Trovão defende Malafaia e ameaça Moraes: ‘Vamos acabar com sua vida’

Deputado federal Zé Trovão (PL-SC)
Deputado federal Zé Trovão (PL-SC) Foto: Reprodução

O deputado federal Zé Trovão (PL-SC) saiu em defesa do pastor Silas Malafaia, alvo de mandado de busca e apreensão, no Rio de Janeiro, e ameaçou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que autorizou a ação da Polícia Federal contra o religioso. “Vamos acabar com a sua vida”, disse o parlamentar em discurso na Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira, 20.

“Seu presidente [Hugo Motta], que dia para se dizer mais uma vez ao Supremo Tribunal Federal: continuem perseguindo as pessoas, vocês estão no caminho, no caminho exato para que daqui a pouco tempo esse país seja uma desgraça definitiva”, começou o político.

Em seguida, Zé Trovão afirmou que qualquer perseguição contra um cidadão é repugnante, principalmente quando se trata do homem “mais eloquente do evangelho brasileiro”. “Alexandre de Moraes, presta atenção: o seu dia, o seu fim está próximo. E nós vamos acabar com sua vida, porque você não pode fazer o que você está fazendo”, concluiu o deputado.

Minutos depois, o parlamentar pediu a palavra para se retratar com os colegas. “Quero fazer uma correção na minha fala. Quando eu falei do Moraes, eu disse ‘destruir a sua vida’ e isso, de maneira nenhuma, a gente não está aqui para destruir vidas e sim as ações erradas que ele tem tomado”, emendou.

Zé Trovão, então, corrigiu o que havia dito e afirmou: “Nós vamos acabar com a injustiça de Alexandre de Moraes”.

Decisão de Moraes

Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), corrobora com a tese da PF de que Malafaia seria um dos principais articuladores do plano para coagir ministros da Suprema Corte. O processo investiga a ida do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos para articular sanções contra o Poder Judiciário. O parlamentar conseguiu costurar a aplicação da lei Magnitsky contra Moraes.

A PF aponta trocas de mensagens entre Bolsonaro e Malafaia em que o pastor envia vídeos e mensagens pressionado pelo avanço do PL da Anistia e medidas contra o STF. No dia 13 de julho, por exemplo, o religioso teria instruído o ex-presidente a condicionar a suspensão da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao projeto que derrubaria a condenação dos acusados pelos ataques de 8 de janeiro, incluindo Bolsonaro.

Silas Malafaia prestou depoimento por cerca de duas horas na sede da PF no aeroporto. Na saída, o pastor criticou efusivamente a operação, disse ser amigo de Bolsonaro e afirmou não ser “bandido” para ter o passaporte apreendido.

Além do mandado de busca e apreensão, Malafaia teve o passaporte e o celular pessoal apreendido. Ele também está proibido de se comunicar com Bolsonaro e com os demais réus nos inquéritos que tratam da trama golpista seja diretamente ou por meio de terceiros. Moraes ainda determinou a quebra dos sigilos telefônico, fiscal e bancário do pastor.

O indiciamento dos Bolsonaro

O ex-presidente e seu filho foram indiciados em um inquérito que apura a atuação de ambos para obstruir a Justiça na investigação de uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, pela qual Jair é réu no STF e pode ser condenado a até 43 anos de prisão. Ambos foram indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O inquérito investiga a ida de Eduardo para os Estados Unidos, em março de 2025, com o objetivo declarado de articular reações da Casa Branca à atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos contra o pai na corte.

Desde que o deputado licenciado está em solo americano, o presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros enviados ao país, revogou vistos de Moraes e aliados e enquadrou o magistrado na Lei Magnitsky. O ex-presidente entrou no processo após financiar a ida do filho para o exterior.