Zé Carioca, um dos mais famosos personagens criados por Walt Disney e sob inspiração 100% brasileira, está completando oitenta anos de existência – ainda antes de nos EUA ser exibido, sua apresentação foi no Brasil, no filme Alô, amigos, a 24 de agosto de 1942. Na próxima quarta-feira, portanto, ele aniversaria. Vale destacar alguns aspectos sociológicos e políticos de sua elaboração. Em plena II Guerra Mundial, o governo americano procurou traçar a estratégia de boa vizinhança com países da América do Sul. Assim, em 1941, Walt Disney esteve no Rio de Janeiro, onde se reuniu até com o presidente Getúlio Vargas. Observando o comportamento de alguns cariocas, nasceu o personagem. No filme, juntamente com Pato Donald, Zé Carioca viaja por diversos países sul-americanos e ambos vão valorizando a cultura de cada local – como dissemos, estava em jogo a política de boa vizinhança para conquistar aliados contra o nazismo. Depois, Zé Carioca foi transformado com estereótipos sobre o brasileiro: não trabalha, age malandramente, sempre se safa da polícia e de situações embaraçosas. A generalização foi, no mínimo, ofensiva – e ninguém, aqui, aprovou a nova versão, muito menos Getúlio que não escondeu seu descontentamento. Tratava-se, e ainda trata-se, de uma desvalorização e visão preconceituosa e deturpada, principalmente do carioca. Até porque, é sabido, Walt Disney baseou-se em um dos principais sambistas da década de 1940, o incansável trabalhador e fundador do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, o compositor Paulo da Portela (naquela época, sambista pegava duro no batente e compunha nas horas vagas). Paulo da Portela, assim como a esmagadora maioria dos brasileiros, de malandro e malemolente não tinha nada – e nosso povo segue não tendo. Paulo da Portela primava pela seriedade, responsabilidade e elegância.

SUCESSO Pato Donald e Zé Carioca no filme Alô, amigos, de 1942: estréia no Brasil e não nos EUA, como instrumento da política norte-americana de boa vizinhança (Crédito:Divulgação)
VISITA PRODUTIVA O então presidente do Brasil Getúlio Vargas e Walt Disney (à dir.), no Rio de Janeiro, em 1941: um ano depois o País entrou na II Guerra, do lado certo, contra o nazismo (Crédito:Divulgação)
IMAGEM INVERTIDA Paulo da Portela, o sambista que inspirou Zé Carioca: trabalhador e responsável (Crédito:Divulgação)

SAÚDE
Empresas nos EUA recorrem à terapia com drogas psicodélicas

Empresários norte-americanos estão se valendo, cada vez mais, da administração assistida em seus funcionários de microdoses do psicodélico cetamina. Motivo: o desempenho profissional tem apresentado visíveis melhoras. A cetamina é uma droga legalizada para a área médica nos EUA. Ela destina-se, sobretudo, à função analgésica, mas também age com eficácia em casos de depressão leve e outras enfermidades psíquicas. Segundo relatório da OMS, os índices de doenças mentais subiram à casa dos 25% com a pandemia da Covid-19. A cetamina vem auxiliando os funcionários, acometidos por sequelas deixadas pelo vírus, a trabalharem normalmente.

CORES E TRABALHO Drogas sintéticas: administração assistida (Crédito:Eduardo Knapp)

EDUCAÇÃO
Colégio fundado pela Princesa Isabel encerrará atividades devido à cracolândia

Fundado em 1885, com o auxílio da Princesa Isabel, o colégio Liceu Coração de Jesus será fechado daqui a seis meses. A instituição, localizada na região central da cidade de São Paulo, já teve três mil alunos e chegou a oferecer curso de graduação. Atualmente possui apenas duzentos estudantes no ensino fundamental, o que inviabiliza financeiramente o seu funcionamento. Segundo a administração, as matrículas vêm diminuindo nos últimos anos porque os pais se dizem inseguros com o fato de o colégio estar no epicentro da cracolândia.

O FIM MEDO: as drogas venceram a tradição (Crédito:Mathilde Missioneiro)