A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) processou o jornalista Luan Araújo por difamação. Vale lembrar que Luan foi perseguido e ficou sob a mira da arma de Zambelli em uma rua dos Jardins, bairro nobre de São Paulo, no sábado, dia 29 de outubro de 2022, véspera do segundo turno das eleições presidenciais.

Resumo:

  • Zambelli apresentou queixa-crime contra Luan;
  • O fato ocorreu depois de uma publicação do jornalista no site Diário do Centro do Mundo, no dia 30 de maio, na qual critica a deputada;
  • O texto fala que Zambelli “diz estar com problemas, na verdade está na crista da onda”;
  • “Continua no partido pelo qual foi eleita, segue com uma seita de doentes de extrema-direita que a segue incondicionalmente e segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades” e “que faz parte de uma extrema-direita mesquinha, maldosa e que é mercadora da morte”.

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Justiça

O juiz Fabricio Reali Zia, da Vara do Juizado Especial Criminal de São Paulo, solicitou uma audiência preliminar e que Luan Araújo retirasse o conteúdo do ar no prazo de 48 horas – que continua postado. A determinação ocorreu na sexta-feira, 28.

Zia afirma que houve “excesso ou abuso das referida liberdades” do jornalista.

“Apesar da proteção constitucional das liberdades de imprensa e de expressão, é importante ressaltar que o exercício de ambas não é ilimitado e, portanto, todo abuso e excesso, quando verificadas as intenções de injuriar, de difamar ou de caluniar, poderão ser punidos conforme a legislação penal”.

Luan

No texto, Luan também ressalta o quanto o episódio deixou marcas negativas em sua vida.

“Eu, a vítima deste caso, tive diversos ônus desde aquele dia. Minha vida pessoal virou de cabeça para baixo, perdi relações importantes, comecei a colecionar problemas de saúde e vivo com pânico diariamente.

Para mim, um homem preto, pobre e com problemas enormes, aquele dia não acabou. Ele faz questão de durar dias e mais dias até hoje. De uma forma cruel. Para ela, uma mulher branca com conexões com pessoas poderosas, foi apenas mais um espaço para fazer o picadeiro clássico de uma extrema-direita mesquinha, maldosa e que é mercadora da morte”.

O jornalista afirmou que quando receber a intimação vai tirar a matéria do site, mas por enquanto isso não ocorreu. Luan diz que também a processa a deputada pelo evento da arma, e que está correndo na justiça de São Paulo.

“É possivelmente uma estratégia de defesa deles para causar mais chateação no processo. Eu vejo isso com tranquilidade”

Zambelli

Em nota, a defesa da deputada afirma que: “a respeito da decisão judicial da última sexta-feira (dia 28), que determinou a remoção de um texto difamatório de autoria do jornalista Luan Araújo, a defesa da deputada federal Carla Zambelli observa que, para melhor compreensão da mencionada decisão, é preciso lembrar que quando dos fatos, a deputada foi ofendida, provocada e xingada, o que foi esquecido por muitos. Essas ofensas e difamações não cessaram e essa queixa-crime justamente quer fazer cessar esse discurso de ódio contra ela”.

Vídeo

No fatídico vídeo, postado nas redes sociais à época, Zambelli aparece apontando uma arma para Luan meio da rua. Depois, ela entra em um bar com uma pistola empunhada.

Pela gravação, é possível ouvir a deputada falando para o jornalista mais de uma vez: “deita no chão”. Pessoas que estavam no local tentaram contê-la e uma afirma “ela quer me matar, mano”.

Zambelli trajava uma camiseta verde escrita “Mulheres com Bolsonaro e Tarcísio”. Assista abaixo: