A deputada Carla Zambelli (PL-SP) comentou sua decepção com a falta de apoio de Bolsonaro após sua condenação por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal. “Fui uma das pessoas mais linha de frente dentro do Congresso para poder defender o governo, o presidente. Esperava ter algum tipo de retribuição em relação a isso”, disse em entrevista a Folha de S. Paulo publicada neste domingo, 30.
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Jair Bolsonaro disse na terça-feira, 25, que Zambelli “tirou o mandato” de sua chapa em 2022. “Aquela imagem, da forma com que foi usada, a Carla Zambelli perseguindo o cara” disse o ex-presidente ao podcast Inteligência Ltda. “Aquilo teve gente falando: ‘olha, o Bolsonaro defende o armamento’. Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto. A gente perdeu. São Paulo estava bem, né?”, seguiu. “Ela tirou o mandato da gente.”
O Supremo formou maioria nesta semana para condenar Zambelli por ter sacado uma arma de fogo e perseguido o jornalista Luan Araújo, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. A perseguição começou após uma discussão entre a deputada e Araújo no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Vídeos do episódio viralizaram nas redes sociais. Assista abaixo:
Segundo o próprio Bolsonaro, o mesmo perdeu a eleição por causa desse vídeo. (Sabemos que não é verdade) De qualquer forma, toda nossa gratidão a Carla Zambelli, por expor o lado facista, bizarro, insano que existe no Bolsonarismo. Aguardamos ansiosamente sua condenação hj. pic.twitter.com/MYur0F5dUB
— Guedinho e seus Fãs (@GuedinhoeFans) March 21, 2025
Bolsonaro saiu em defesa da deputada após a condenação. “Um exagero. Não só a cassação do mandato, bem como o número de anos de prisão. Ela corre atrás de uma pessoa desarmada. Ela errou?”, disse o ex-presidente. Na mesma entrevista, no entanto, ele voltou a culpar Zambelli por sua derrota. “Ajudou a me desgastar, porque um órgão de imprensa muito poderoso ficou mostrando o dia todo”, disse.
Zambelli comenta 8 de janeiro
Em outro momento da entrevista, Zambelli criticou Bolsonaro por não ter pedido o fim dos protestos em quartéis que culminaram com a invasão de Brasília em 8 de janeiro de 2022. “Acho que ele tinha que estar no Brasil e tinha que ter falado para as pessoas saírem de frente do quartel”, disse a deputada. “Isso evitaria o que aconteceu depois.”
Apesar das críticas mútuas, a deputada afirmou que mantém seu apoio ao ex-presidente e a seus possíveis sucessores políticos, nomeando Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro como alternativas para uma candidatura à presidência em 2026.
“Só espero que a gente tenha isso tido com antecedência, que nos digam com antecedência para a gente poder trabalhar”, disse.