Os moradores da cidade de Chiang Rai vivem uma mistura de emoções. Há dois dias, oito dos 12 meninos que estavam isolados numa caverna do complexo de Thuam Luang já foram resgatados e levados para o hospital da cidade. Restam cinco pessoas ainda retidas dentro da galeria subterrânea. Cada operação de resgate leva quase seis horas entre deixar o local em que os sobreviventes se encontram, sair mergulhando e sair ileso. Além do risco desta empreitada, há também a decisão do governo de não dizer quem já foi salvo.

“O governo não soltou os nomes dos meninos, nem mesmo para as famílias. O sentimento de alívio ainda vem com uma preocupação enorme, pois esperam que todos os meninos saiam salvos da caverna o quanto antes. A cidade está neste misto de emoções”, disse o zagueiro Victor Cardozo, de 28 anos, que é um dos principais atletas do Chiangrai United, atual sexto colocado do Campeonato Nacional da Tailândia.

Na semana passada, o carioca Victor fez um gol de cabeça na vitória sobre o Ratchaburi por 4 a 0 e, na comemoração, exibiu uma camisa do time com o número 13 nas costas. A referência era para os 12 meninos e o técnico deles quando todos ainda estavam na caverna. “O massagista do meu time é tio do menino mais novo, de 11 anos. Ele está apreensivo e me agradeceu muito pela homenagem”, contou Victor.

Vivtor fez gol e homenageou os 13 da caverna

O resgate do time de garotos que foi parar no fundo de um complexo de cavernas, inundado na época das monções, deixou a cidade de Chiang Rai entre a alegria e a apreensão. Faltam cinco meninos e o treinador. Enquanto isso, a Copa do Mundo chega à semifinal. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, já convidou os sobreviventes para viajarem até a Rússia e assistirem a final do torneio. 

Victor Cardozo parou de ver os jogos do Mundial. No entanto, o motivo não foi a saga dos meninos da caverna. Foi mesmo a eliminação do Brasil, depois da derrota por 2 a 1 para a Bélgica. “Me decepcionei. Tanto que nem vi mais a Copa do Mundo. O Brasil estava bem demais e tinha total condições de conquistar o título. Fiquei triste pois sou muito patriota. Brasil na Copa do Mundo é um dos momentos mais sensacionais do esporte e de nossas vidas. Pelo menos é da minha vida”, escreveu para a Coluna do Boleiro. 

OIto meninos da caverna já foram resgtados

Na Tailândia, o futebol não parou. Neste último domingo, o Chiangrai venceu o Suphanburi, em casa, por 2×1. Victor não marcou desta vez. Ele é considerado “zagueiro-artilheiro” na Tailândia. No final de semana, o confronto será contra o Police Tero FC e vale vaga na semifinal da Copa da Tailândia.

Vai demorar para que os 13 da caverna possam assistir a uma partida de futebol ao vivo. Eles passarão por uma quarentena para evitar problemas com infecções que possam aparecer. Afinal eles estavam em um lugar escuro e úmido por mais de duas semanas. Segundo o comando do exército o resgate pode durar mais três dias. Victor, cujo contrato se encerra no final do ano, espera ansioso pelo final feliz. “O povo tailandês é muito brincalhão, como o brasileiro. Gostam de brincar muito com os estrangeiros e nos recebem muito bem. Mas as últimas semanas têm sido de tristeza por causa da tragédia”.

Victor Cardozo tem contrato com o Chiangrai até o final do ano