Os yanomamis estão em risco. Não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro despreza os povos indígenas, mas parece que a sua vontade em fragilizá-los torna-se cada vez mais latente. Enquanto os yanomamis tentavam, sozinhos, expulsar os garimpeiros ilegais que atuam no território amazonense que lhes pertence, o presidente decidiu inaugurar, na semana passada, uma ponte que facilita a chegada de garimpeiros à região. Ou seja: se antes, mesmo com difícil acesso às aldeias, a população indígena já estava ameaçada, agora, com uma ponte que escancara a floresta, obviamente a preocupação é ainda maior.

Foi assim que Bolsonaro, desde que assumiu a presidência, foi, pela primeira vez, a uma terra indígena: sem máscara, gerando aglomerações e festejando o que não era para ser comemorado – a inauguração da ponte na floresta. O tumulto provocado por Bolsonaro na aldeia yanomami, quando o Brasil registra 500 mil mortes por coronavírus, só reforça o seu desprezo à saúde. Em breve, o Brasil verá o resultado dessa farra: aumento significativo do garimpo ilegal e explosão de novos casos da doença entre os indígenas.

Logo que assumiu, Bolsonaro havia dito que “cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós”. Aqui tomo a palavra para dizer que o ideal seria o contrário: que cada vez mais nos aproximássemos dos indígenas para a manutenção de suas tradições e lutas. Diferentemente de Bolsonaro, são eles que defendem as florestas e resistem dia e noite pela sobrevivência. Pudera nós, brasileiros, sermos tão corajosos e fortes como os yanomamis.