Para o economista da XP Investimentos Alexandre Maluf houve uma “inequívoca melhora” nas métricas de serviços e de núcleos no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que “possivelmente aumentará” as apostas para um corte de 0,75 ponto porcentual na Selic já em setembro. Maluf ressalta, porém, que os dados de inflação seguem consistentes com cortes de 0,50 ponto na Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), com o juro encerrando o ano em 11,75% .

Em julho, o IPCA cheio registrou alta de 0,12%, após queda de 0,08% em junho. O resultado foi igual ao teto das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast e 0,06 ponto porcentual acima da mediana, que indicava alta de 0,06% para a inflação no mês. O piso das estimativas era de recuo de 0,08%. “No geral, apesar da surpresa altista, a abertura do IPCA de julho e suas medidas subjacentes trouxeram sinais positivos”, destacou Maluf em nota.

De acordo com Maluf, a média dos núcleos do IPCA teve alta de 0,18% nesta leitura, fazendo com que, na média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada, a métrica tenha desacelerado de 4,3% para 3,3%.

Já os serviços subjacentes, segundo a XP, tiveram alta de 0,19% em julho, fazendo com que a média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada atingisse 5,5% nesta leitura, ante 6,6% em junho. “A surpresa baixista em serviços subjacentes veio de alimentação fora do domicílio, que pesa 28% nessa métrica, enquanto os serviços intensivos em mão de obra vieram praticamente em linha com nossas projeções”, diz.

Em relação à surpresa altista no índice cheio do mês, Maluf destaca que ela ocorreu devido à variação de automóveis novos (1,65%). “Esperávamos uma variação negativa para esse subitem (-0,5%), dado o programa de estímulo do governo. Com isso, parece que o efeito baixista da medida sobre o IPCA se dissipou no mês passado, contrastando com as sondagens de preços de alta frequência”, explica.

A XP segue projetando IPCA de 4,6% ao final de 2023 e de 3,9% em 2024.