Xi vai ao Tibete em meio a polêmica sobre futuro Dalai Lama

PEQUIM, 20 AGO (ANSA) – O presidente da China, Xi Jinping, visitou nesta quarta-feira (20) a cidade de Lhasa para o 60º aniversário da fundação da Região Autônoma de Xizang, nome em mandarim para o Tibete.   

A agência de notícias estatal Xinhua informou que Xi e sua delegação “receberam calorosas boas-vindas de pessoas de vários grupos étnicos”.   

A visita ocorre em meio à discórdia sobre o sucessor do atual Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano e que completou 90 anos em julho.   

O líder é acompanhado por Wang Huning, chefe da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, e Cai Qi, diretor do Gabinete Geral do Comitê Central do Partido Comunista, os números 4 e 5, respectivamente, na hierarquia do PCC.   

A última visita conhecida de Xi ao Tibete foi em 2021, a primeira de um presidente chinês em 30 anos. Ele já havia viajado à região em 1998, mas como chefe do PCC, e em 2011, como vice-presidente da República.   

Pequim transformou o Tibete em uma administração provincial em 1965, após o que chama de “libertação pacífica” de 1951, fruto de uma guerra breve, mas sangrenta.   

Assim como na vizinha Xinjiang, de maioria uigur, o governo central supervisionou grandes projetos de desenvolvimento no Tibete, incluindo a construção de uma ferrovia de alta velocidade e uma megabarragem. Mas Pequim também mantém um controle político rígido, rejeitando acusações de repressão movidas por ativistas e grupos internacionais de direitos humanos.   

Recentemente, a situação do Tibete voltou a ganhar destaque após o Dalai Lama afirmar, por ocasião de seu aniversário de 90 anos, que a escolha de seu sucessor será de “exclusiva competência” da Gaden Phodrang Trust, fundação criada pelo próprio líder budista no exílio.   

A China, no entanto, reagiu e disse que o sucessor precisa ser aprovado por Pequim.   

Tradicionalmente, o líder do budismo tibetano é escolhido a partir da extração de um nome de dentro de uma urna de ouro, prática introduzida no fim do século 18. O próximo Dalai Lama, contudo, será o primeiro selecionado após a fundação da República Popular da China, que, em 1959, esmagou uma rebelião no Tibete contra o regime comunista.   

Naquele ano, o Dalai Lama fugiu para a Índia, onde vive exilado até hoje. (ANSA).