A vaquita marinha, o menor cetáceo do mundo e que só existe no México, está à beira de extinção por pesca acidental, advertiu nesta segunda feira o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que pediu que todos os tipos de pesca sejam proibidos no reduzido habitat deste mamífero.

Os alertas dos ambientalistas dispararam na sexta-feira passada, depois que o governo do México divulgou que a população deste boto é de apenas 60 exemplares, de acordo com um estudo feito de outubro a dezembro de 2015 por uma organização internacional independente.

“É uma medida drástica, mas a maneira mais eficaz [para evitar o desaparecimento da espécie] talvez seja proibir a pesca, e obviamente compensar os pescadores”, disse em uma conferência Omar Vidal, diretor do WWF no México.

A AFP entrou em contato com o governo mexicano para saber sua posição sobre esta proposta, mas até o momento não recebeu resposta.

Em 2014 havia 97 vaquitas – que só estão presentes no norte do Golfo da Califórnia – o que significa que em um ano sua população diminuiu em quase 40%, enquanto em 1997 eram mais de 500 animais, disse Vidal.

Mas o panorama poderia ser ainda pior, já que o WWF estima que 20% podem ter morrido nos primeiros quatro meses deste ano.

Sua “diminuição drástica” se deve ao uso ilegal de redes usadas para capturar totoabas, um peixe também em perigo de extinção, cuja bexiga natatória seca tem grande demanda no mercado negro da China e é contrabandeada através dos Estados Unidos, disse o diretor de WWF, que se dedicou durante 20 anos ao estudo dessa espécie.

A vaquita marinha é conhecida também como o ‘panda mexicano’, pelo círculo escuro ao redor dos olhos e pela sua boca que parece sorrir.

O governo mexicano lançou no ano passado uma “ambiciosa e realista” estratégia para proteger o animal, reconheceu Vidal. O polígono marítimo foi ampliado de 126.000 a 1,3 milhão de hectares para garantir a cobertura da área de distribuição da espécie, e foi proibido o uso de todas as redes de emalhar.

As autoridades também concordaram em oferecer aos pescadores 70 milhões de dólares em dois anos, para que busquem novas formas de pesca. Mas tudo foi “insuficiente”, disse Vidal ao lembrar que redes de emalhar foram encontradas “camufladas” entre as que são usadas para pescar corvina.

O WWF e outras organizações internacionais, concluiu Vidal, estão “convencidos de que, se forem tomadas medidas imediatas, é possível salvar a vaquita”.

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