Dono de uma das carreiras de diretor mais consagradas da televisão brasileira, Wolf Maya, 71, criticou o avanço de produções como novelas turcas e k-dramas no cenário audiovisual do país, durante um bate-papo no IstoÉ Gente Entrevista.
“Eu acho um pavor”, conta, divertido. “Sabe por quê? Porque a dramaturgia é muito pobre. A dramaturgia dos dois minutos, cinco minutos, você não conta nada, nenhuma história, apenas uma curiosidade”, explica.
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“Aí, uma menininha vendendo uma coisa, outra pessoa desejando alguém, alguém querendo um beijo, alguém que roubou alguma coisa de alguém. Quer dizer, são pequenas cenas, avulsas, que você entretém”, continua. “Mas é uma dramaturgia muito inócua, rasa: é para a juventude. Eu acho que esse lado raso da juventude é o que me assusta.”
Durante a conversa, o ex-diretor da TV Globo ainda conta detalhes dos bastidores de produções como ‘A Viagem’ e ‘Mulheres de Areia’, além de opinar sobre o futuro das novelas em meio ao avanço do streaming e a onda de remakes nas emissoras.
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“Eu tive de entrar com uma novela no ar em 20 dias”, relembra. “E ai, comecei a ler coisas até achar ‘A Viagem’, que já tinha sido feita na TV Tupi anos atrás. Fui para Ivanir Ribeiro, e ela falou: ‘Você está maluco? A TV Globo é uma televisão católica, ela faz missa aos domingos, não vai topar tocar nesse assunto'”.
“Falei: ‘Vamos camuflar, começar como se não fosse’. Não queria fazer doutrina, não queria convencer todo mundo”, afirma. “Não é uma pregação. Acho que o erro de outros projetos é que fazem um projeto espiritualista, ou que seja qualquer tipo de religião, usando a dramaturgia para pregar.”
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** Estagiária sob supervisão