Se um time quiser chegar na final de um campeonato no vôlei masculino, ele precisa ter William Arjona no elenco. Aos 42 anos, o levantador do Minas, que conquistou o ouro com o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio, chegou em todas as finais dos campeonatos nacionais, independentemente do país, nas últimas 16 temporadas. Na atual, defendendo o time de Belo Horizonte, o atleta está na segunda final de Superliga com a equipe. A única vez que o jogador não chegou na decisão foi em 2020/2021, quando o torneio não chegou ao fim por causa da covid-19.

“Eu tenho um amigo que me falou isso uma vez, na brincadeira, que para chegar na final da Superliga (Campeonato Brasileiro de vôlei) era só me contratar. Mas eu nunca tinha feito esse recorte com o período na Argentina. Lá foram quatro temporadas e quatro finais. Aqui, desde a chegada no Sada Cruzeiro, passando pelo Sesi e agora no Minas eu sempre estou nas finais. É uma sequência que pode ser comparada a grandes nomes do esporte, como o que fazem Nadal, Federer e Djokovic no tênis. É um trabalho aliado com muita coisa, desde investimento e estrutura até os cruzamentos no mata-mata. Mas eu fico muito feliz em ter chegado nessa marca em um esporte de alto rendimento como é o vôlei.”

A trajetória de finais de William Arjona começou na Argentina. No meio da década de 2000, o levantador chegou no país da América do Sul para atuar pelo Bolívar e ser campeão entrou na rotina do atleta. Em quatro temporadas no time argentino, o levantador conquistou quatro campeonatos nacionais e quatro Copas nacionais, sendo eleito MVP da temporada em duas oportunidades. Com o sucesso nas quadras argentinas, o levantador ganhou o apelido de “El Mago”, que carrega até hoje.

“Acho que as coisas mudaram na minha chegada na Argentina. Lá eu trabalhei com o Carlos Javier Weber como técnico e ele mudou a forma como eu via a minha atuação dentro de quadra. No Bolívar eu aprendi que, como levantador, preciso treinar muito mais a minha mente, a minha cabeça do que meu corpo. A partir do momento que eu entendi isso, e levo isso para vida toda, meu jogo mudou e as coisas passaram a acontecer.”

RETORNO PARA O BRASIL

Após quatro temporadas literalmente ganhando tudo na Argentina, William Arjona retornou ao Brasil para jogar pelo Sada Cruzeiro. Defendendo o time celeste de Minas Gerais, o levantador se colocou em um dos maiores projetos da modalidade no planeta. Em sete temporadas pela equipe, William chegou em sete finais de Superliga, com cinco títulos, e foi tricampeão mundial de clubes.

Em maio de 2017, o levantador decidiu seguir para o Sesi-SP. Em três temporadas pela equipe paulista, William Arjona chegou na decisão da Superliga masculina em duas oportunidades. A única edição em que não foi finalista foi a de 2019/2020, em que o torneio nacional foi paralisado antes dos playoffs por causa da pandemia do coronavírus.

Depois de três anos, em 2020, o levantador decidiu pela volta para Belo Horizonte para defender o Minas Tênis Clube. Apesar de ser o seu primeiro ano na equipe, William manteve sua rotina e chegou na decisão da Superliga masculina, em que terminou com o vice-campeonato. Na atual temporada, ainda jogando pelo time de Belo Horizonte, o atleta manteve a sequência de finais seguidas e busca devolver o troféu de campeão para o Minas depois de 15 anos.

“Eu não sei quando vou parar, não coloco esse prazo de validade. Estou em quadra pelo desafio e pelo prazer que tenho. No Minas eu tenho tudo. Temos o desafio, a estrutura, uma equipe técnica que sabe controlar a minha carga de treino e nesta temporada conseguimos um padrão de jogo muito bom com uma regularidade. A Superliga é muito difícil, exige um nível muito grande e nós conseguimos isso. Agora é preparar para a final mais uma vez”, disse o atleta.

Para voltar a fazer o Minas ser campeão da Superliga masculina, o levantador terá um velho conhecido do outro lado da rede. Na disputa pelo título que não fica com o time da capital mineira desde a temporada 2006/2007, o Fiat/Gerdau Minas terá o Sada Cruzeiro pela frente. Na atual temporada, os dois times têm se encontrado em decisões. Até o momento, o duelo já aconteceu no Mineiro e no Sul-Americano, com duas vitórias para o lado celeste. As datas e os locais das partidas da série melhor de três jogos entre os times mineiros ainda serão oficializadas pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).