O ex-técnico do Arsenal e agora diretor de desenvolvimento do futebol mundial da Fifa, Arsène Wenger, saiu em defesa de Mesut Özil após os comentários do meia dos Gunners sobre a situação da minoria muçulmana uigur na China.

“Mesut tem liberdade de expressão como qualquer outra pessoa. Ele usa sua notoriedade para manifestar suas opiniões, que não são necessariamente compartilhadas por todo mundo, mas ele tem esse direito”, declarou Wenger em Doha, no Catar, nesta quarta-feira.

Em um tuíte postado no último dia 13 de dezembro, o campeão do mundo de 2014 com a seleção da Alemanha havia denunciado com veemência o “silêncio” dos países muçulmanos sobre a atual situação em Xinjiang, uma região no noroeste da China onde Pequim teria aprisionado um milhão de muçulmanos uigures.

Como consequência direta dessa tomada de posição, a CCTV, televisão estatal chinesa, decidiu simplesmente cortar a transmissão da partida entre Arsenal e Manchester City no domingo pela Premier League.

Embora o clube londrino tenha rapidamente se afastado do que chamou de “opinião pessoal” de seu meia, a mídia chinesa anunciou que as críticas feitas pelo jogador teriam “importantes implicações”, especialmente no âmbito econômico, para o Arsenal.

“Quando se emite uma opinião pessoal, é preciso aceitar as consequências”, acrescentou Wenger. “Mas é a responsabilidade individual de Mesut Özil que está envolvida, ele não fala em nome do Arsenal”.

Diante da polêmica, o governo chinês declarou que Özil havia sido “enganado por falsas informações” e o incentivou a vir visitar a região de Xinjiang.

Antes do apoio de Arsène Wenger, seu ex-técnico, Mesut Özil já havia recebido um suporte inesperado: o de Mike Pompeo, chefe da diplomacia americana.

“Os órgãos de propaganda do Partido comunista chinês podem censurar toda a temporada os jogos de Mesut Özil e do Arsenal, a verdade vai acabar triunfando”, tuitou o secretário de Estado americano. O PCC não pode esconder do resto do mundo suas graves violações dos direitos humanos contra os uigures e outras religiões”.

Em outubro passado, um outro tuíte de apoio aos manifestantes pró-democracia em Hong Kong do diretor geral do Houston Rockets, Daryl Morey, já havia detonado uma crise entre as autoridades chinesas e a NBA.

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