Por Sophie Yu e Brenda Goh

PEQUIM (Reuters) – O empresário chinês James Liang, que questionou a estratégia de Covid zero do país, foi proibido de postar no Weibo, acusado pela plataforma de mídia social de violação legal.

Liang é cofundador do Trip.com.

O Weibo, uma plataforma semelhante ao Twitter, não especificou quais regras Liang infringiu e não deixou claro quando a proibição entrou em vigor ou o que a desencadeou. Mas nesta terça-feira, os internautas notaram mudanças na conta de Liang, que tem 817 mil seguidores.

A conta pertencente a Liang agora exibe uma declaração dizendo que o usuário está atualmente bloqueado por “violar leis e regulamentos relevantes”.

A Reuters não conseguiu entrar em contato com Liang por meio do Trip.com, que é dona das empresas de viagens Qunar e Skyscanner, e a companhia não comentou.

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O Weibo não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.

Na semana passada, Liang escreveu um artigo no qual ele argumentava que políticas de prevenção de epidemias excessivamente cautelosas poderiam infligir maior dor à economia e à expectativa de vida das pessoas do que o próprio vírus. A postagem, feita na conta do WeChat do centro de estudos China e Globalização, foi posteriormente removida.

Em abril, Liang postou no Weibo um artigo que havia escrito discutindo a baixa taxa de mortalidade da variante Ômicron da Covid-19 e desafiando a necessidade de controles epidêmicos rigorosos na China.

Um artigo separado publicado por ele em abril no jornal China Enterprise News também alertava que medidas excessivas de prevenção da Covid-19 podem prejudicar a economia chinesa.

A estratégia para combater a Covid-19 não é o único problema que Liang mirou. Em seu último post no Weibo, em 29 de abril, o empresário publicou uma análise sobre o motivo de a China ter demorado tanto para revisar sua política de filho único, um tópico que ele já discutiu calorosamente nas mídias sociais e em entrevistas à imprensa.

Embora Liang tenha permanecido ativo no Weibo em meio a um ambiente regulatório cada vez mais rígido nos últimos dois anos, diversos outros líderes empresariais chineses que antes eram francos tornaram-se mais contidos nas mídias sociais ou pararam de postar completamente.

Outros chineses de alta relevância banidos pelo Weibo recentemente incluem o investidor de private equity Dan Bin e Wang Sicong, filho do fundador da Dalian Wanda, Wang Jianlin.

Assim como no caso de Liang, as razões específicas para essas proibições não foram dadas, mas Dan havia questionado a viabilidade da política de Covid zero, e Wang desafiado a eficácia de uma medicina tradicional chinesa endossada pelo governo para tratar o vírus.

(Por Sophie Yu e Brenda Goh)

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