Nesta terça-feira, 15, o representante de Jair Bolsonaro (PL) e advogado Frederick Wassef confirmou em entrevista coletiva à imprensa que adquiriu o relógio da marca Rolex em que o ex-presidente recebeu como presente oficial durante uma viagem internacional. De acordo com investigações, o item teria sido comercializado por assessores de Bolsonaro.

Wassef, com a nota fiscal da “recompra” do relógio em mãos – comercializado por US$ 50 mil ou aproximadamente R$ 250 mil na loja Precision Watches – afirmou que:

“Eu comprei o relógio, a decisão foi minha. Usei meus recursos e eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos, um banco em Miami e usei do meu dinheiro para pagar o relógio”

Ele ressaltou que o objetivo quando adquiriu o Rolex era o de devolvê-lo à união para cumprir uma determinação do TCU (Tribunal de Contas da União).

“Agora, se você quiser detalhamento, qual o voo? que horas você entrou?, para quem você deu? Nesse momento eu não vou poder falar”

Questionado sobre quem solicitou, ele diz que não foi Jair Bolsonaro e nem Mauro Cid.

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Segundo o documento da Polícia Federal sobre as investigações, o relógio teria sido vendido para a empresa Precision Watches e foi recuperado no dia 14 de março de 2023 pelo advogado Frederick Wassef, que retornou com o bem ao Brasil no dia 29 de março de 2023.

Depois, então, na data de 2 de abril de 2023, Mauro Cid e  Wassef teriam se encontrado na cidade de São Paulo, momento em que a posse do relógio passou para Cid, que retornou para Brasília na mesma data. Após isso, o item foi parar em Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Resumo:

  • As informações fazem parte do material da Operação Lucas 12:2 deflagrada na sexta-feira, 11, pela Polícia Federal, que fez buscas em endereços tanto do Cid pai quanto do Cid filho, além de Frederick Wassef;
  • De acordo com a PF, “os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior”;
  • Os valores obtidos dessas vendas teriam sido convertidos em dinheiro e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados. Em tese, os fatos investigados configuram os crimes de peculato e lavagem de dinheiro.