Wall Street fecha em baixa após números ruins de emprego nos EUA

A Bolsa de Valores de Nova York fechou em baixa nesta sexta-feira (1º), decepcionada com os últimos dados de emprego nos Estados Unidos e em meio à oficialização das novas tarifas impostas por Washington a seus parceiros comerciais.

O índice Dow Jones caiu 1,23%, o tecnológico Nasdaq, 2,24%, e o S&P 500, 1,60%.

“Os investidores começam a se preocupar com o fato de que a economia [americana] está enfraquecendo mais rápido do que se pensava”, comentou à AFP Sam Stovall, de CFRA.

O motivo reside na saúde do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que registrou piora em julho, com uma taxa de desemprego de 4,2%, superior aos 4,1% de junho.

A geração de vagas ficou em 73 mil no mês passado, e as dos meses de maio e junho foram revisadas fortemente para baixo, a níveis que não eram vistos desde a pandemia de covid-19.

“Na minha opinião, os números de emprego de hoje foram MANIPULADOS para fazer uma imagem ruim dos republicanos e de MIM MESMO”, acusou o presidente Donald Trump em sua rede Truth Social.

Segundo Patrick O’Hare, do Briefing.com, “o mercado acredita que o Fed [o banco central americano] deverá reduzir os juros” na próxima reunião de política monetária de setembro.

Nesse contexto, os rendimentos dos títulos de Tesouro americano caíram. Os papéis com vencimento em 10 anos fecharam em 4,21%, diante dos 4,37% no fechamento de ontem. Os com vencimento em dois anos, mais sensíveis à conjuntura monetária, caíram para 3,68%, ante 3,95% na quinta-feira.

Em paralelo, Trump firmou no fim da tarde de ontem o decreto de aplicação das novas tarifas, que terão alguns dias de prazo para serem aplicadas, o que deve ocorrer somente em 7 de agosto.

As sobretaxas para União Europeia (UE), Japão e Coreia do Sul foram fixadas em 15%, enquanto para Reino Unido elas ficaram em 10%. Para a África do Sul, os encargos chegam a 30%, e a 39% para a Suíça.

Já em relação ao Canadá, um dos alvos favoritos de Trump, as tarifas sobre os bens não incluídos no acordo comercial da América do Norte (T-MEC) ficarão em 35%.

O México, por sua vez, obteve um adiamento de 90 dias, e a China ainda negocia com Washington, antes do fim da pausa estipulada entre os dois países em 12 de agosto.

“A tempestade comercial não acabou e são esperados novos desafios”, disse Sam Stovall.

Essa enxurrada de notícias quase conseguiu ofuscar a divulgação dos resultados trimestrais de duas gigantes da tecnologia, Apple e Amazon.

As ações da primeira caíram 2,50%, para 202,38 dólares, apesar de resultados superiores ao esperado para o terceiro trimestre de seu exercício contábil desfasado, impulsionados pelo iPhone.

O lucro líquido do grupo foi de 23,4 bilhões de dólares (R$ 129,7 bilhões), um crescimento de 9% em 12 meses.

Já os papéis da Amazon sofreram particularmente (-8,27%, a 214,75 dólares) pelas previsões consideradas decepcionantes pelo mercado, apesar de um crescimento de 35% em seu lucro líquido no segundo trimestre, para 18,2 bilhões de dólares (R$ 100 bilhões).

ni/cjc/mel/dg/rpr/am

S&P Global Ratings

Apple

Amazon.com