Wagner Moura e o golpe da década

Wagner Moura e o golpe da década

Luciane Angelo Fotos Divulgação Depois de 10 anos um dos golpes mais famosos do país nos últimos tempos ganha versão no cinema. A história de Marcelo da Rocha que se fez passar por Henrique Constantino, herdeiro da Gol, no Carnaval do Recife de 2001, vai estrear nos cinemas nesta sexta-feira 25. E ?VIPs? tem no elenco vivendo o papel principal ninguém menos que Wagner Moura. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira 21, em São Paulo, o protagonista, o diretor Toniko Melo e elenco falaram sobre todo o processo de criação, a polêmica com o real Marcelo, a participação de Amaury Jr e Wagner comenta sobre o projeto de um filme em Hollywood, que aceitou recentemente. O verdadeiro Marcelo da Rocha disse em entrevista que vai processar os produtores do filme e o próprio Wagner Moura por ter dito que é um ?tremendo 171?. Vocês têm medo dessa ameaça? O filme glamouriza o crime? Toniko Melo: a gente não sabe se ele vai processar, mas temos um contrato bem embasado. Os direitos comprados são do livro e não dele. Sobre glamourizar o crime, acho difícil. O filme não propõe, ele somente aborda. Seria o mesmo se perguntar pro Francis Ford Coppola que o ?O Poderoso Chefão? glamouriza a máfia, mas não é nossa intenção. Como foram filmadas as cenas do avião? O Wagner aprendeu a pilotar? Toniko: há cenas que só pilotos poderiam fazer. As mais difíceis foram executadas pelos pilotos da Esquadrilha da Fumaça. O Wagner pilotou o avião na pista. Wagner Moura: eu piloto o avião em todas as cenas em que ele está no chão. Não tinha ninguém agachado (risos). E eu tenho condições técnicas e psicológicas para decolar um avião. Eu aprendi! Mas não sei aterrissar. Wagner Moura e o golpe da década Por que a opção de se basear no livro, mas não fielmente? Toniko: qualquer historia real não se sustenta num drama de duas horas. Ficou evidente que a gente teria que ficcionar. Gosto bem mais assim. O nosso caso é um cara que quer alguma coisa a mais e não somente golpes. Como foi dar a vida a um personagem sem identidade? Wagner: a cena em que o Marcelo pergunta para a mãe Silvia (Gisele Froes) quem ele é e ela não consegue responder é o momento que mais gosto do filme. É impressionante como o olhar da mãe determina quem a gente é. A mãe é a primeira pessoa que diz quem a gente é. O olhar da Silvia é muito torto para cima dele. Ela é muito definidora pro personagem. Quando fiz a primeira leitura da história eu vi alguém se buscando. E essa busca é de todos nós.

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A mãe Silvia, vivida por Gisele Froes

Chegou a se encontrar com Marcelo? Wagner: não. Poderia ser um filme sobre um 171, sobre um estelionatário? Claro que podia. As pessoas são corrompidas moralmente e se tornam interessantíssimas como personagem. Eu preferi uma opção estética e não moral. Eu achei que não era o caso de conhecê-lo. Me deu vontade de fazer a historia de um menino que se procurava. Não achei eu valia a pena encontrar com ele. O Marcelo que eu vivi é muito honesto com os personagens que ele se propõe a viver. De uma honestidade admirável. Como foi a escolha do elenco? Toniko: quando o Wagner foi escolhido tivemos que ter atores do mesmo patamar. A gente foi de cima pra baixo e conduzindo nesse sentido. Os testes para ator duraram sete meses. Foi bem difícil e o Fernando Meirelles (da produtora O2) via a minha angústia e dizia: ?aonde é que você vai encontrar todo esse casting? Você está no Brasil.? E não era uma busca fácil, essas pessoas iam contracenar muito rápido com o Wagner já vinha quente com uma seqüência grande de cenas. Uma hora aqui e outra ali a gente não conseguiu o que se precisava mas as pessoas deram o sangue ali. Há não-atores no ?VIPs?, como o caso do personagem Chicão, que na vida real é piloto do Robocop da Rede Globo. E o Wagner entendeu isso. Ele sabia que uma hora ia contracenar com gente experiente e também com uma pessoa que estava lá pela primeira vez. Por que Legião Urbana na trilha sonora de Antonio Pinto? Wagner: só para lembrar, a minha banda está tocando comigo no filme, não perco oportunidade de colocar minha banda nos meus trabalhos. Toniko: na verdade a gente queria o U2 porque a história real era com o Bono, mas era muito caro. Como eu dirigi o primeiro videoclipe do Legião Urbana, ?Será?, me senti à vontade para colocar a música deles no longa. E o Wagner sabe todas as musicas.
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Cantando Legião Urbana

Você começou sua carreira como repórter de um programa de tevê, como o do Amaury Jr. Em alguma fase da sua vida o viu como referência? Wagner: o Amaury Jr. nunca foi uma referência para mim. Esse era um programa que tinha em Salvador e eu era repórter basicamente de celebridades. Mas não era exatamente uma profissão. Não que queria ser Amaury Jr., somente ganhava dinheiro e tal. Achei que ele foi muito disponível, muito aberto para as filmagens. Nunca tinha visto o Amaury pessoalmente e foi ótimo. Fale um pouco sobre o filme de Hollywood, ?Elysium?, que você fará parte. Wagner: Neill Blomkamp, que dirigiu ?Distrito 9?, gostou do meu personagem em ?Tropa de Elite? e o ?Elysium? vai ser um filme popular, político e ele achou que eu seria legal para o papel de vilão e, prontamente aceitei o convite. Mas ainda não posso adiantar nada. As filmagens começam em julho. Confira o trailer: [youtube]https://www.youtube.com/watch?v=RPjIxjxQ7kc[/youtube]