A Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) revelou nesta sexta-feira que registrou 400 casos de doping nos últimos meses, com a ajuda de delatores. As delações foram estimuladas a partir das denúncias de doping no esporte russo, que teve as investigações baseadas em dados revelados por informantes.

As delações começaram a surgir com mais força em março do ano passado, quando a Wada abriu um canal de comunicação para receber as informações de forma anônima. O alemão Günter Younger, chefe da unidade de investigação da entidade, afirmou nesta sexta que ficou “sobrecarregado” pelas quantidade de denúncias sobre doping e também sobre acobertamento destes casos.

“Cada vez mais delatores vêm até Nis e dizem: ‘agora estamos felizes por termos alguém com quem conversar a respeito'”, afirmou Younger, que é policial e investiu os casos de doping na Rússia antes de assumir a atual função na Wada. “Eu achei que surgiriam algumas denúncias, mas temos tantas agora. São 400 casos registrados.”

O dirigente da Wada não revelou detalhes sobre casos específicos e nem citou nomes de atletas citados nas denúncias. Mas antecipou que há “muitos” russos mencionados. “Foram os russos que derrubaram o sistema deles. E precisamos reconhecer isso e também ajudá-los a se tornarem atletas limpos.”

Em entrevista coletiva concedida em Buenos Aires, na véspera da abertura dos Jogos Olímpicos da Juventude, os dirigentes da Wada também comentaram sobre a invasão do sistema promovida por parte de integrantes da inteligência militar da Rússia. Tanto Younger quanto James Fitzgerald, porta-voz da Wada, afirmaram que a entidade deu suporte à avaliação de autoridades norte-americanas para manter a segurança das informações sobre doping.

Há dois anos, russos tentaram invadir o sistema da Wada na tentativa de alterar os dados de atletas do país. “Não temos motivo para discordar desta avaliação. E, de fato, estamos acompanhando tudo”, declarou.