Mesmo antes da publicação do novo relatório do investigador independente canadense Richard McLaren, na sexta-feira, sobre o alegado esquema de doping apoiado pelo governo russo, a Rússia e a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) estão novamente em rota de colisão.

A Wada está incomodada porque não foi consultada antes de um novo comitê ser instalado para supervisionar as reformas na Agência Antidoping da Rússia, conhecida pela sigla RUSADA. O conselho é presidido por Yelena Isinbayeva, que recentemente se aposentou como atleta de salto com vara e que é grande crítica da Wada.

Isinbayeva, que ficou fora dos Jogos Olímpicos do Rio devido à suspensão imposta à Federação Russa de Atletismo (ARAF), sempre disse que as acusações da Wada não foram comprovadas. Se ela não acredita nas denúncias, no entender da Wada, não irá se esforçar em cobrar a implantações de medidas para corrigir as fraudes.

Em comunicado, a Wada disse que a criação desse comitê quebrou um acordo com os russos, de que qualquer nomeação precisaria ser comunicada antes de ser publicamente anunciada. “Nós vamos abordar nossas preocupações diretamente com as autoridades russas para garantir que possamos estabelecer uma organização antidoping que possa resistir ao escrutínio internacional”, garantiu a agência mundial.

“A Wada esperava ser consultada sobre assuntos importantes, como o termos de referência do conselho, bem como a estrutura central da agência, antes da nomeação pública de pessoas para esses cargos, conforme os requisitos essenciais do roteiro fornecido à RUSADA em novembro”, reclamou.

Isinbayeva vem aumentando sua participação nos bastidores do esporte. No sábado, ela concorrerá à presidência da ARAF e, desde agosto, faz parte da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Internacional (COI), para o qual acabou eleita pelos seus pares.

A expectativa é grande sobre uma eventual nova punição do COI sobre a Rússia depois que o relatório definitivo de Richard McLaren for publicado, na sexta. O documento deve detalhar como o governo russo agiu para fraudar os exames antidoping realizados nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, na Rússia, em 2014.