Vueling insiste que desembarque de adolescentes judeus franceses foi por motivos de segurança

A companhia aérea espanhola Vueling insistiu que o desembarque de adolescentes judeus franceses que retornavam de férias na Espanha ocorreu “exclusivamente por razões de segurança”, contradizendo a organizadora da viagem, que anunciou sua intenção de apresentar uma queixa por “discriminação”.

Em um novo comunicado, a Vueling reafirmou sua versão do dia anterior, quando a polêmica eclodiu após a descoberta de que cerca de cinquenta adolescentes judeus franceses haviam desembarcado na quarta-feira de um avião que os levaria de Valência a Paris após um acampamento.

“Durante o voo VY8166, um grupo de adolescentes adotou comportamento perturbador e de confronto, violando as disposições do artigo 41 da Lei 21/2003 de Segurança Aérea”, defendeu-se novamente a Vueling.

Essa versão já havia sido contestada “formal e categoricamente” no dia anterior pela Kineret Club, organizadora do acampamento, cuja advogada, Julie Jacob, indicou sua intenção de apresentar “uma queixa por violência física e psicológica e discriminação por motivos religiosos”.

A Vueling, no entanto, especificou que “o grupo de adolescentes manipulou os equipamentos de segurança dos passageiros, representando um alto risco para a aeronave, os passageiros e a tripulação”.

Essas ações incluíram “tentativas de pegar coletes salva-vidas, manipular máscaras de oxigênio localizadas no teto e remover o cilindro de oxigênio de alta pressão”, além de interromper a demonstração de segurança, acrescentou a empresa.

Esse “comportamento inadequado” continuou “apesar dos avisos cada vez mais contundentes da tripulação”, de modo que, em última análise, “o capitão foi forçado a solicitar a intervenção da Guarda Civil”, explicou a Vueling, acrescentando que continuará investigando o ocorrido.

“Reiteramos que o desembarque dos passageiros foi realizado exclusivamente por razões de segurança”, enfatizou.

A Guarda Civil espanhola manteve um relato semelhante no dia anterior, destacando a “atitude altamente perturbadora” do grupo, composto por 44 menores e alguns adultos atuando como monitores.

“Em nenhum momento de sua atuação os oficiais estavam cientes da confissão religiosa das pessoas que desembarcaram”, acrescentou em um comunicado.

A associação Kineret Club, no entanto, rejeitou essa versão e denunciou uma “cena de brutalidade incomum, injustificada e claramente tendenciosa” em um comunicado divulgado na quinta-feira.

“Nenhum incidente, ameaça ou comportamento inadequado (por parte dos adolescentes) foi relatado”, argumentou.

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