“Vou tentar ir à Copa de 2022. Meu objetivo é lutar para ir!”, declarou em uma entrevista exclusiva para a AFP o jogador do Paris Saint-Germain Dani Alves, que espera “encerrar sua carreira como campeão do mundo”, único grande título que falta em sua brilhante carreira.

Apesar de seus 35 anos e de uma lesão séria no joelho que o tirou do mundial de 2018, o veterano do PSG não estabelece uma “data de validade” para si mesmo e se vê jogando no mais “alto nível” pelo menos até a Copa de 2022 no Catar.

P: No final da temporada passada você sofreu uma grave lesão no joelho que exige uma recuperação demorada até para os jovens. Como você fez para voltar em seu melhor nível?

R: “Na vida sempre tentei buscar soluções. Se você coloca na cabeça que é um problema, você não fica bem psicologicamente e tudo fica mais lento. É como uma ferida, se você coloca bem os pontos, faz a cicatrização e cuida bem, tudo volta a seu lugar. Eu nunca duvidei, confio em minha dedicação para que as coisas voltem ao normal. Não se deve dizer ‘vou ver como volto’. Não, é preciso fazer tudo para voltar a ser como era antes. Agora tenho algo mais forte que antes (sorri)”.

P: Assim como Marquinhos, você começou a jogar como meia. É uma consequência da lesão?

R: “Não. (Tuchel) utiliza um pouco mais minha inteligência para ler as partidas do que meu físico, porque como meio-campo eu corro mais e faço mais esforço do que como lateral. Não é uma questão física, posso jogar como lateral, mas aí não posso usar tanto minha leitura de jogo. No meio eu posso corrigir um movimento mal feito de um companheiro, pensar mais rápido. As pessoas da comissão técnica são inteligentes e sabem que quanto mais você está dentro do jogo mais pode aumentar o nível da equipe. Eu tenho essa consciência. Posso instigar meus companheiros a fazerem pressão, a correrem, a lutarem… “

P: Seu contrato termina no fim da temporada. Você gostaria de seguir no PSG?

R: (Ri) “Não depende de mim! Se dependesse de mim, é claro que gostaria. Volto a insistir, as pessoas rotulam as outras pela idade. Você passa dos 30 e as pessoas te olham esquisito… Com 35, nem te conto. Todas as perguntas são ‘quando é que você vai parar?’ Calma! Eu decido quando vou parar… É um reflexo do que você faz na sua vida. Se você é disciplinado, trabalhador, vai aguentar o quanto quiser. É a velha história: você quer um carro comercial ou um de alto desempenho? Eu sou assim, quanto mais velho mais caro… Esse sou eu!

P: Até que idade você se vê jogando?

R: “Eu não coloco uma data de validade. Meu corpo é minha resposta, quando não puder competir, quando não der mais para minha cabeça, será o momento de parar. Mas não sei o que vai acontecer, dentro de três ou quatro anos… Não sei o que vai acontecer amanhã. Você pode estabelecer um objetivo mas é difícil. Não sei o que vai acontecer dentro de três ou quatro meses. O que sei é que como objetivo vou tentar ir à Copa do Mundo de 2022. Meu objetivo por enquanto é ir. Não tenho a chave, mas vou tentar”.

P: Você acaba de voltar à lista de convocados do técnico Tite. É um sinal de que você está no bom caminho?

R: “Sim, mas sei que tenho que trazer resultados na seleção. Não sento e digo, ‘sou o que mais ganhou na história’. Não, penso em fazer bem nos dois, três, quatro, cinco ou seis anos pela frente. Minha história vai dizer o que fui, o que sou ou o que poderia ser. Por isso não coloco datas, só objetivos”.

P: Com 38 títulos conquistados em sua carreira você tem um dos currículos mais impressionantes da história. Mas falta a Copa do Mundo. Terminar sua carreira com uma vitória no Mundial é um sonho?

R: “Exatamente. É por isso que esse desafio me dá um frio na barriga… É como dizer ‘encontrei a mulher da minha vida… O que digo a ela?’. Vou tentar dar o máximo. Não pude ir à Rússia, talvez porque a vida tenha me dito que o momento não era aquele, era outro. Eu imagino tudo grande. Imagina encerrar a carreira como campeão do mundo… (sorri) Tem coisa melhor? Nem Zidane conseguiu fazer isso!”.

Entrevista realizada por Yassine KHIRI e Andy SCOTT.

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