Voto de Dino deixa defesa de Heleno esperançosa por pena mais branda

Advogado do general acreditava que ministro votaria por absolvição, mas vê em parecer aposta para levar redução de pena para o plenário com os 11 ministros

Matheus Milanez, General Augusto Heleno
Advogado de Augusto Heleno, Matheus Milanez vê chances de pena mais branda para general Foto: Rosinei Coutinho/STF

A defesa do general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), réu no inquérito da trama golpista, acredita na hipótese de uma pena mais branda que o esperado após o voto do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). Para Matheus Milanez, advogado do militar, a discussão poderá parar no plenário da Corte, ao menos para conseguir uma pena mais branda.

Em seu voto, Dino defendeu penas pesadas para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de liderar a organização do plano golpista, e para Walter Braga Netto, apontado como um dos principais articuladores das medidas. Porém, o magistrado avalia que Alexandre Ramagem (deputado federal), Augusto Heleno (ex-chefe do GSI) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) tiveram uma participação minoritária no tento e aponta uma pena menor que o mínimo.

Embora esperasse que Flávio Dino apresentasse a absolvição de Heleno, Milanez vê chances de conseguir emplacar um recurso no plenário da Corte caso Fux siga a mesma linha. Em caso de divisão – ou seja 3 a 2 – para pena mais pesada, os advogados poderão entrar com embargos infringentes, um recurso que leva a discussão para o plenário da Corte. Neste cenário, apenas a decisão das penas seria discutida pelo pleno.

Para não fazer isso, precisaria de um 3 a 2 à favor da pena reduzida para o militar. Com as chances de Cármen Lúcia votar pela condenação total dos réus – seguindo Alexandre de Moraes, o defensor vê no voto de Cristiano Zanin para não precisar recorrer ao plenário. O palpite está no entendimento de Zanin sobre a tipificação dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Voto de Dino deixa defesa de Heleno esperançosa por pena mais branda

O general Augusto Heleno, ex-chefe do GSI, é acusado de propagar notícias falsas para manter Bolsonaro no poder e ameaçar possível “virada de mesa” antes da derrota do ex-presidente nas eleições de 2022

O julgamento até aqui

O primeiro dia de julgamento, na terça-feira, 2, foi destinado à leitura do relatório de Moraes, em que reforçou a independência do STF e a blindagem de interferências externas, em recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem usado a Suprema Corte para taxar produtos brasileiros em 50%. Já a PGR defendeu a condenação dos réus e disse que a reunião entre Bolsonaro com a cúpula das Forças Armadas já configura a articulação do golpe de Estado.

As defesas de quatro réus também apresentaram suas sustentações. São eles: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres. Na quarta-feira, 3, foi a vez das defesas de Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto apresentarem seus argumentos. Enquanto os advogados de Helenos e Nogueira optaram pela estratégia de jogar o ex-presidente aos leões, os defensores de Bolsonaro e Braga Netto atacaram o relatório da PGR e a validade da delação de Mauro Cid.

Nesta terça-feira, 9, Alexandre de Moraes apresentou seu voto, defendendo a condenação dos sete réus pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada e dano qualificado. Para Bolsonaro, Moraes defendeu o agravante por liderar a organização criminosa. Já Ramagem se livrou da condenação de dano qualificado.

Luiz Fux apresentará seu voto nesta quarta-feira, 10, seguido da ministra Cármen Lúcia e do presidente da Turma, Cristiano Zanin. Os dois últimos devem votar apenas na sessão de quinta-feira, 11. Em seguida, os cinco ministros decidirão as penas dos réus.