05/11/2021 - 9:30
A ira dos bolsonaristas foi atiçada por uma postagem no Twitter feita pelo deputado Alexandre Frota (PSDB-SP). “Ele não está trabalhando? Está na Itália fazendo o quê?”. Ao fundo da imagem em que o presidente da República aparece em primeiro plano está o vereador Carlos Bolsonaro (REP-RJ). O exemplo do vereador é apenas uma mostra da farra que familiares, amigos e lobistas ligados ao capitão praticam — especialmente caronas que pegam em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar mundo afora.
Similarmente, Michelle Bolsonaro usa o expediente de se beneficiar dos aviões da FAB. Ela viajou para São Paulo e trouxe alguns parentes em voo solicitado pela ministra da Mulher e dos Direitos Humanos, Damares Alves. A primeira-dama e a ministra foram prestigiar o aniversário do maquiador Agustin Fernandez. Na volta a Brasília, o maquiador também pegou carona no avião da FAB. A prerrogativa de viajar em naves oficiais é exclusiva do vicepresidente, ministros, chefes dos Três Poderes e Forças Armadas.
Bolsonaro disse que iria moralizar o uso, mas os abusos só aumentaram. Seu filho 04, Jair Renan, é paparicado por vários ministros. Renan já viajou com Damares, Ernesto Araújo (ex-ministro das Relações Exteriores), Braga Netto (Defesa, quando estava na Casa Civil) e Ciro Nogueira (Casa Civil). O 04 atua como influencer e também é apontado como lobista dentro do Planalto, intermediando negócios junto à Presidência.
Conflito de interesses
Tão grave quanto levar o clã Bolsonaro é o conflito de interesses quando ministros do governo transportam representantes de grupos específicos. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, deu carona para pessoas ligadas ao agronegócio e lobistas, principalmente, em diversos eventos, além do marido. Outros ministros igualmente utilizam o expediente com cônjuges ou filhos. Entre eles, Marcelo Queiroga (Saúde), Gilson Machado (Turismo), Braga Netto (Defesa), Paulo Guedes (Economia) e João Roma (Cidadania).
Os amigos fazem parte de outro grupo beneficiado pelos passeios. Ciro Nogueira levou seu advogado, Marcos Meira, e Davidson Tolentino em uma viagem ao Rio de Janeiro. O ministro da Educação, Milton Ribeiro, viajou com o pastor Arilton Moura. Protegidos por sigilo, Bolsonaro e o seu vice, Hamilton Mourão, não têm obrigação de expor os passageiros convidados. Ao que tudo indica, a folia é bem maior. Tantos passeios com convidados explicam os gastos com os cartões coorporativos do governo, que somaram de janeiro a setembro o total de R$ 204,8 milhões. O deboche com o dinheiro público e o uso do bem estatal para o lazer e negócios dos governantes é explícito.
Resposta do advogado Marcos Meira
“Marcos Meira é advogado constituído de Ciro Nogueira desde 2004 em 15 ações de improbidade e seus desdobramentos, resultando ao todo em 32 processos, todas ações com sucesso para o seu cliente. O voo ocorreu porque foi o momento encontrado na agenda do ministro para uma reunião de trabalho, para que ele fosse atualizado do andamento das ações, uma vez que houve importante vitória naquela semana, nos autos de processo em tramitação no STJ, o ARESp 1.847.972.”
