A alemã Ursula von der Leyen, que em novembro se tornará a primeira mulher à frente da Comissão Europeia, apresentou nesta terça-feira a equipe com a qual deve enfrentar desafios como a mudança climática, o Brexit ou o relacionamento com os Estados Unidos.
“Minha comissão será uma comissão geopolítica comprometida com políticas sustentáveis”, disse Von der Leyen, para quem o novo Executivo deve “adotar medidas ousadas contra a mudança climática”, construir sua “parceria” com os Estados Unidos e definir seu relacionamento com a China.
A conservadora alemã divulgou as pastas que ocuparão a partir de 1º de novembro cada um dos 26 comissários de seu futuro Executivo, que não terá representante britânico, uma vez que a saída do Reino Unido do bloco está prevista para 31 de outubro.
Além do chanceler espanhol Josep Borrell, nomeado em julho como chefe da diplomacia europeia, Von der Leyen também terá o holandês Frans Timmermans e a dinamarquesa Margrethe Vestager como vice-presidentes encarregados de carteiras de peso.
Timmermans, atual vice-presidente, será responsável pela implementação da política climática da próxima presidente, que prometeu um ‘Green Deal’ (Pacto Verde) durante seu mandato, enquanto Vestager assumirá a política digital e continuará como comissária da Concorrência.
“Timmermans tem a pasta que será crucial para as próximas décadas. Timmermans é mais importante que Vestager”, comentou à AFP Éric Maurice, da Fundação Schuman, para quem “a opinião pública é mais sensível ao clima do que à política digital”.
Von der Leyen reiterou sua vontade de converter a Europa no “primeiro continente climaticamente neutro do mundo”.
Von der Leyen, que os líderes da União Europeia (UE) indicaram em julho após uma cúpula de três dias, esforçou-se para concluir uma divisão de pastas respeitando os equilíbrios geográficos e políticos.
O letão Valdis Dombrovskis continuará como vice-presidente encarregado de coordenar a política econômica do bloco e dos serviços financeiros, com o ex-primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni como comissário da Economia.
À frente do Comércio, um posto chave, a ex-ministra da Defesa alemã escolheu o atual comissário europeu da Agricultura, o irlandês Phil Hogan, que deverá finalizar a negociação com os países do Mercosul e negociar o futuro relacionamento com o Reino Unido.
“Quero que essa relação, como no passado, seja no futuro uma boa relação. Portanto, acredito que o comissário de Comércio, Phil Hogan, que terá que lidar com os diferentes acordos comerciais (…), é uma boa escolha”, acrescentou Von der Leyen.
A futura Comissão Europeia, uma equipe bastante renovada de 27 membros, deverá agora passar pelo trâmite da Eurocâmara, que se pronunciará sobre o futuro Executivo em 22 de outubro.
– Audiências –
Mas primeiro, entre 30 de setembro e 8 de outubro, os novos comissários serão submetidos a audiências diante de suas respectivas comissões parlamentares, um procedimento que às vezes pode custar o posto, como aconteceu em 2014 com a eslovena Alenka Bratusek.
Na ocasião, a ex-primeira-ministra eslovena não convenceu os eurodeputados da sua idoneidade para assumir o cargo de comissária da Energia, forçando Liubliana a apresentar uma nova candidata. As dificuldades na Eurocâmara poderiam surgir desta vez para França, Polônia e Romênia.
O Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF) investiga a ex-eurodeputada francesa Sylvie Goulard, que foi proposta para a pasta do Mercado Interno, pela contratação pelo seu partido de assistentes de maneira fictícia, caso que também é investigado pela justiça francesa.
Perguntada sobre o caso de Goulard, Von der Leyen defendieu a independência do OLAF e insistiu na “presunção de inocência”.
O OLAF também estuda o caso do candidato da Polônia, Janusz Wojciechowski, que deveria assumir a pasta da Agricultura, por “alegadas irregularidades no reembolso de despesas de viagem” durante seu mandato como eurodeputado.
Quanto à romena Rovana Plumb, aspirante a comissária dos Transportes, é acusada de ter redigido uma decisão do governo em benefício de uma empresa próxima ao ex-homem forte da esquerda de seu país, Liviu Dragnea, na prisão desde maio.
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