O volunturismo é um segmento relativamente recente no campo do turismo que surgiu nos anos 90 especialmente entre os jovens europeus e americanos, e que talvez venha se estruturando em consonância com alguns fatores, dentre eles o desejo crescente de viajar com propósito. Outro fator pode estar ligado também a uma pesquisa divulgada pelo Sage Journals que sugere que as pessoas que experimentam os mais altos níveis de felicidade são as que praticam trabalho voluntário até mesmo em comparação com a caridade na forma de doações monetárias.
Tudo parece ser um belo propósito de solidariedade, mas acaba por ser um tema bastante polêmico: Até onde as tentativas de fazer o bem do programa envolvido propõem mudanças positivas para determinada comunidade? Será que trabalhar por alguns dias (e tirar muitas selfies) é melhor que viajar, comercializar e gastar dinheiro em países em desenvolvimento?
Será que o “volunturismo” tem mais a ver com a auto-realização ou com as verdadeiras necessidades das nações em desenvolvimento?


O desejo de se envolver com o mundo é louvável, assim como o desejo de ser voluntário, principalmente se a idéia é divulgar menos e fazer mais, além de se comprometer com as necessidades do projeto, ter disposição, responsabilidade para seguir os acordos do local, abertura para diálogo e vontade de ensinar e aprender. E além de tudo isso, é preciso muito cuidado na escolha do programa, pois existe também uma questão fundamental de ética e negócio com esse tipo de turismo. Recentemente a Vice divulgou uma entrevista (segue na íntegra abaixo) com o tema “The Dark Side of Rich Kids Volunteering Abroad” – O Lado Obscuro dos Jovens Ricos Voluntários no Exterior – começando com a polêmica afirmação de que o volunturismo é uma indústria multibilionária. A plataforma Viajar Verde, por exemplo, listou alguns tópicos importantes na decisão e escolha de um programa de volunturismo.

  • Evitar orfanatos: Infelizmente, em algumas regiões, os orfanatos viraram um negócio. Prefira outras formas de ajudar crianças, como apoiar outras instituições voltadas para educação, especialmente no caso de outros países, onde você terá poucas maneiras de confirmar a autenticidade dos orfanatos.
  • Uma agência responsável e confiável: Verifique se a agência que você está fechando um pacote é realmente responsável. Veja se existe uma política de transparência sobre a seleção dos programas. Uma dica é observar a quantidade de informações que te fornecem previamente. Se elas forem escassas e sempre voltadas para venda, fique atento.
  • Cuidado no voluntariado com animais silvestres: Da mesma forma que é essencial confirmar se a instituição, ONG e agência com a qual você está se vinculando são sérios e éticos, é imprescindível ter essa certeza no caso do voluntariado com animais. Os santuários de elefantes na Ásia, por exemplo, são alguns dos lugares mais controversos, com relatos de maus tratos. Desconfie quando a interação entre animais e humanos for muito frequente e quando os bichos estiverem confinados em espaços pequenos.As tentativas desajeitadas em fazer o bem e salvar nossas próprias consciências sem examinar completamente as consequências para as pessoas que procuramos ajudar podem só piorar as coisas. Organizações como voluntourism.org é um bom começo para a busca. O Worldpackers também possui uma lista diversa de iniciativas que podem ser separadas por categorias para facilitar a busca de acordo com o seu perfil.