A volta de Meirelles

Cresce a simpatia no Planalto pelo nome do ministro da Fazenda para 2018 (Crédito:REUTERS/Adriano Machado)

Quando Henrique Meirelles (foto) deu a entender que poderá ser candidato à Presidência da República em 2018, houve choro e ranger de dentes no Palácio do Planalto. O próprio presidente Michel Temer considerou a mensagem precipitada e capaz de afetar os humores dos investidores. Agora, porém, os ventos mudaram e estão soprando a favor do ministro da Fazenda. Entre os auxiliares próximos a Temer, comenta-se que se a tendência de retomada da economia se consolidar e a taxa de desemprego continuar a cair, o governo terá condições de emplacar um sucessor. Como não é intenção de Temer tentar se reeleger, abre-se a janela de oportunidade para um novo nome na política, que não aparece no cardápio atual. O nome mais citado no Planalto é o de Meirelles, já perdoado pelo açodamento.

Otimismo

A baixíssima popularidade de Temer preocupa os responsáveis pela comunicação do governo. Mas não chega a assustá-los. Consideram que o presidente foi vítima de forte desgaste, principalmente após a denúncia de Joesley Batista. E que, com a troca de Janot por Raquel Dodge, a pauta policialesca perderá o fôlego. Prevalecerá a agenda positiva.

Mágico

Por confiarem na reação natural de Temer, seus assessores acreditam que não é necessário deflagrar nenhuma campanha de marketing para melhorar a imagem do presidente. Nessa visão, muito mais importante do que qualquer campanha será o efeito da volta dos investimentos. Trabalha-se com um número mágico: apenas 9 milhões de desempregados.

Todo sacrifício por Aécio

Edilson Rodrigues/Agência Senado

Mesmo diagnosticado com diverticulite, uma inflamação no trato digestivo, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) veio a Brasília em jatinho da FAB para defender seu amigo Aécio Neves. Jucá (foto) criticou o afastamento de Aécio e comparou os ministros do STF a Pôncio Pilatos. “A turba agora julga, condena e executa”, disse. Em seguida, foi a São Paulo para uma bateria de exames. Não está descartada a possibilidade de cirurgia.

Rápidas

* Para o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, a reforma política não terminou. Ele continua a circular pelo Congresso com uma bandeira na mão: a do voto distrital misto. Diga-se de passagem, um antigo sonho de Temer.

* No rastro das pesquisas que apontam Jair Bolsonaro em segundo lugar na corrida presidencial, tem muita gente se animando. Em Brasília, o cientista político Alexandre Horta anunciou que é candidato ao governo do DF pelo Patriota.

* Em seu périplo pelo Brasil na tentativa de acumular forças, o ex-presidente Lula desembarca em Brasília nesta segunda-feira. Participa na UnB de um ato em defesa das universidades públicas e dos institutos federais e da ciência e tecnologia.

* Ao rebater a segunda denúncia de Janot, a defesa do Michel Temer citou um ditado popular em sua defesa: “Esperteza, quando é muita, vira bicho e engole o dono”. Sem dúvida, mas isso vale para todos os lados.

Retrato falado

Moisés de Oliveira

“Queremos moralidade no Brasil? Comecemos pelos juros. País de juros altos não tem futuro”

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, está com a corda toda. Recentemente, anunciou sua filiação ao PSC e deu a entender que alimenta o sonho de se candidatar à presidência da República. Ainda não está em campanha, mas se esforça para levantar vôo próprio, com autonomia em relação à equipe econômica. Já criou conflito interno e foi repreendido ao atacar a mudança na taxa de juros de longo prazo, mas, agora, voltou chamar os juros altos de “pornografia econômica”.

Jorge William/Agência O Globo

Toma lá dá cá

SHÉRIDAN OLIVEIRA, DEPUTADA FEDERAL (PSDB-RR)

Teve algum desentendimento com o presidente Temer?

Nenhum. Só acho que, no momento em que estamos recebendo uma denúncia dessa natureza, a divulgação de uma lista com meu nome, sem meu consentimento, me expõe a uma situação que não é agradável.

Se Temer lhe convidar, a senhora vai

Para pautas republicanas, do interesse de meu estado, certamente que sim. Mas, em outras pautas, com cunho político, não tenho interesse.

Pretende repetir o voto da primeira denúncia, pela continuidade das investigações contra o presidente?
Sim. Eu acho que a admissibilidade da denúncia é a admissibilidade do exercício da democracia. O presidente tem a oportunidade de se defender dos crimes de que ele é acusado. Ninguém está acima da lei.

Na boca do caixa

A gestão da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) à frente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Tocantins (Faet) em 1996 gerou uma dívida de R$ 2 milhões com a empresa Santa Izabel Construtora e Terraplanagem. O caso foi parar na Justiça de Tocantins. A Federação apresentou espelhos de cheques nominais, mas a perícia, por meio de exames grafotécnicos, comprovou que os cheques emitidos em nome da Construtora foram fraudados e sacados por funcionários da entidade, que descontaram os valores na boca do caixa. O dinheiro, portanto, nunca chegou aos cofres da Santa Izabel. A Faet recorreu ao STJ contra a sentença estadual, mas teve seu recurso negado.

Torcida justa

Parecia um grito de gol de torcida de futebol. Mas a vibração com a aprovação do PL 3404 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, na quarta-feira 4, partiu de parentes de vítimas de acidentes de automóvel. Eles comemoram a volta do uso obrigatório de extintor de incêndio em automóveis.

Delações retomadas

José Cruz/Agência Brasil

A nova equipe da Procuradoria-Geral da República, liderada por Raquel Dodge (foto), retomou, 15 dias após a posse, as negociações de acordos de delação premiada com investigados da Lava Jato. As tratativas começaram ainda sob a gestão de Rodrigo Janot. Mas agora que os novos membros da força-tarefa se inteiraram dos processos, as conversas foram retomadas.

Conversas avançam

Entre os candidatos a delator que têm negociações mais avançadas com a PGR, estão o ex-presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, e o ex-ministro Antônio Palocci. Ambos prometem complicar ainda mais a situação do ex-presidente Lula. Além disso, o ex-deputado Eduardo Cunha deve apresentar nova proposta de delação.

Gilmar recorre aos Trapalhões

©divulgação STF

Todo mundo sabe que o ministro Gilmar Mendes, do STF, tem pavio curto. Na terça-feira 4, quando o Supremo deu início ao debate sobre a possibilidade de candidaturas avulsas em eleições, ele voltou à carga. Contrário à mudança, Gilmar explodiu: “Viramos uns tipos assanhados, engraçados, vamos acabar nos Trapalhões”.