O retorno às aulas no segundo semestre letivo reacende uma preocupação crescente entre pais, professores e profissionais da saúde: o aumento dos casos de ansiedade infantil. Comportamentos como recusa escolar, irritabilidade, alterações no sono, dores de cabeça ou de barriga recorrentes podem ser manifestações de sofrimento emocional, especialmente em crianças menores ou em processo de adaptação.
Além disso, uma nova variável tem ganhado destaque nas discussões sobre o comportamento das crianças: o uso excessivo de telas. Tablets, celulares e jogos digitais, quando consumidos de forma desregulada, têm impacto direto na concentração, no sono, no humor e até na socialização dos pequenos. A questão é tão séria que já motivou a proibição de celulares e dispositivos móveis em sala de aula, em escolas públicas e particulares no Brasil, acompanhando tendências internacionais.
Especialistas afirmam que a combinação entre o retorno à rotina escolar e o desligamento abrupto de estímulos digitais pode gerar um choque emocional significativo, especialmente para crianças que passaram longos períodos em frente às telas durante as férias.
“O retorno às aulas é um momento sensível que exige acolhimento e escuta. É fundamental cuidarmos da saúde emocional das crianças, ajudando-as a equilibrar o uso de telas com experiências reais que favoreçam o vínculo, a atenção e o bem-estar”, afirma o psicólogo clínico Tomas Machado.
Com o objetivo de refletir sobre essas questões de forma integrada, educadores e profissionais da saúde têm buscado estratégias que articulem o cuidado emocional e o ambiente escolar. Iniciativas que promovem escuta ativa, triagens psicopedagógicas, orientação de pais e formação de professores ganham força como caminhos possíveis.
“Precisamos olhar para além do conteúdo escolar e acolher a criança como um todo. O retorno às aulas é uma oportunidade de fortalecer o vínculo com as famílias e trabalhar o equilíbrio entre o mundo digital e as experiências reais, fundamentais para o desenvolvimento emocional e social saudável”, diz Roberta Batista, CEO da Blue Clin, psicopedagoga e especialista em saúde emocional infantil.
A construção de um ambiente escolar seguro passa pelo reconhecimento das emoções e pela escuta ativa das necessidades dos alunos, tornando o espaço mais sensível às demandas emocionais – especialmente em um momento em que saúde mental, tecnologia e aprendizagem estão profundamente interligadas.
“O compromisso do ambiente escolar vai além da transmissão de conteúdos; é essencial oferecer um espaço acolhedor onde cada criança se sinta segura para aprender, se expressar e crescer. Integrar saúde emocional e educação é fundamental para enfrentar os desafios da ansiedade infantil e do uso excessivo de telas”, destaca Fabiana Marçal, diretora pedagógica do Colégio VIP.