O diretor presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), Venilton Tadini, criticou a falta de uma política cambial que amenize as fortes variações na cotação do real frente ao dólar, como tem acontecido ao longo do último ano. Essas oscilações atrapalham os investimentos estrangeiros em projetos de longo prazo no País, um dos fatores necessários para alavancar os empreendimentos de infraestrutura para aumentar a competitividade do Brasil, segundo Tadini.

“A volatilidade nos últimos 12 meses afasta a possibilidade de cálculo de retorno para projetos de longo prazo. Enquanto não tivermos uma política cambial consistente, não poderemos contar com os recursos externos”, afirmou nesta quinta-feira, 30, durante reunião organizada pela consultoria GO Associados, onde apontou os desafios para estimular os empreendimentos de infraestrutura.

O presidente da Abdib apontou também que o patamar elevado de juros é um obstáculo para a captação de recursos para as iniciativas com retorno entre 10 anos e 12 anos. “Ainda estamos num estado rude e primitivo, sem que se consiga uma estrutura de mercado de capitais para colocar papéis de longo prazo para financiar os projetos. A taxa de juros alta derruba a rentabilidade”, ponderou.

Tadini observou que as empresas nacionais têm passado dificuldades em meio ao cenário de crise econômica, que compromete seus balanços e a sua capacidade de apresentar garantias para participar de grandes projetos nacionais, como nos segmentos de transporte, escoamento, armazenamento e energia. Outro ponto é que boa parte das grandes construtoras, com experiência na atuação desses setores, são alvos de investigações da operação Lava Jato, ficando de fora de novos projetos.

Indefinições

O cenário abriria espaço para a entrada de empresas estrangeiras, segundo Tadini. No entanto, a situação ainda é inibida pelo cenário cambial volátil e pela taxa de juros alta. Esses fatores representam entraves ainda maiores do que as indefinições sobre os formatos de concorrência das próprias licitações. “Se não ajustar as condições de equity, não iremos a lugar nenhum”, ressaltou.

Como consequência, o presidente da Abdib acredita que o País segue dependente da atuação das estatais para dar crédito ao setor. “Quando se deixa de contar com o mercado de capitais para financiar esses projetos, ficamos dependentes de uma única instituição, que é o BNDES”, criticou.