André Bona, que há 12 anos atua no mercado financeiro, é o convidado do novo episódio do MoneyPlay Podcast, programa voltado para o mundo das finanças, apresentado pelo educador financeiro Fabrício Duarte. 

Hoje, Bona dedica-se exclusivamente à educação financeira. Formado em Turismo e com MBA em Gestão Empresarial, é professor de pós-graduação em finanças, palestrante e autor do livro “O investimento perfeito”, voltado para quem quer entrar no mercado financeiro. No programa, ele fala sobre as dificuldades do brasileiro para lidar com o dinheiro e como investir para alcançar seus objetivos.

>>> Assista aqui o vídeo na íntegra.

Até 2003, André Bona teve uma carreira voltada para o Turismo. Depois, passou por diferentes setores e, em 2008, vendeu sua participação em uma empresa de telecomunicações. Com uma quantia mais elevada de dinheiro em mãos, decidiu que era hora de parar de investir por um banco, como a maioria das pessoas.

Ele então começou a estudar finanças e investimentos, mudando completamente sua trajetória profissional para atuar no mercado financeiro como agente autônomo, só operando bolsa. “Você não precisa ser economista ou contador para tomar boas decisões financeiras. Sou a prova disso”, afirma. “Só é preciso se dedicar ao aprendizado técnico e desenvolver o aspecto comportamental.”

Para o educador, se a pessoa tiver um comportamento adequado, poderá até investir mal, mas vai conseguir o que precisa. O grande desafio é a escolha e ela tem a ver com alocação, planejamento, não tanto com o produto em si. “Investimento é como remédio, cada um tem uma serventia. Se você sabe o que precisa, você sabe qual pode te atender.”

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Dificuldades para poupar

Para Bona, quando o assunto é finanças e investimentos, autoconhecimento é importante para a pessoa saber o que quer de verdade e não ficar respondendo a impulsos externos. “O dinheiro tem valor porque é um meio de troca, mas ter por ter é meio sem sentido”, aponta.

Outro problema do brasileiro ao lidar com dinheiro, segundo o educador financeiro, é que ele não tem uma visão de longo prazo. É sempre um dilema escolher entre o de curto e longo prazo: “Vou me dar bem agora ou no futuro? Aposto todas as fichas no futuro ou queimo tudo agora e dane-se o que vier depois?”, questiona. 

Ele afirma que, se a pessoa colocar todas as fichas no futuro, pode viver uma vida miserável e chegar lá sem saber como usufruir. E se apostar apenas no curto prazo, vai ter uma vida louca, construir nada e passar dificuldade na velhice. “A pessoa faz um crédito, resolve seu problema pontual, mas vai ter dificuldades por cinco, 10, 20 anos”, diz. “Dessa forma, vai trabalhar a vida toda para pagar juros e impostos.”

A resposta, aponta Bona, está no equilíbrio. “A questão da escolha agora versus futuro é difícil, mas é um aprendizado, uma jornada”, diz. “Refletir sobre o que você quer de verdade te ajuda a parametrizar sua relação com dinheiro e todo o resto. Finança é só uma ponta.”

O milionário pobre

E se engana quem acha que só pessoas de baixa renda têm dificuldades para guardar dinheiro para investir. Bona relata que já conheceu gente com pouca renda que consegue poupar e quem ganha R$ 30 mil por mês mas está cheio de dívidas. 

Convidado para dar uma palestra a 40 pessoas com renda acima de R$ 35 mil, foi surpreendido quando perguntou se a plateia gostaria de saber informações sobre a bolsa de valores. “Queria mesmo era falar de finanças pessoais.”

Bona conta que teve um cliente “milionário pobre”, um senhor que tinha R$ 20 milhões em patrimônio, mas tudo em imóveis. Como alguns inquilinos haviam cancelado os contratos, ficou sem fluxo de caixa e estava passando por dificuldade financeira.

“Ele não entendia como isso era possível, pois viveu assim a vida inteira”, explica. Bona o ajudou a fazer um ajuste de patrimônio, então o cliente vendeu um imóvel, perdeu um pouco de dinheiro, mas sua situação melhorou. “O tamanho do patrimônio não é suficiente para tranquilidade financeira. É preciso ter liquidez, planejamento.”

Para o educador financeiro não existe um investimento perfeito, mas aquele que vai atender ao seu objetivo. “Investimentos são como remédios: cada um tem uma serventia. Se você sabe o que precisa, sabe qual pode te atender.”

Ele acredita que tudo relacionado a dinheiro precisa ser avaliado tecnicamente e que a pessoa precisa entender que comportamento dá para trabalhar e melhorar. “Não precisa ter vergonha, mas é necessário ser menos emocional e agir de forma mais racionalizada.”

Mas Bona acha que os investidores hoje estão muito mais conscientes, mais preparados para questionar. “Ele se prepara cada vez mais e até a relação com os prestadores de serviço é melhor, pois consegue extrair mais o que precisa”, diz.

Confira aqui todos os episódios do programa.