Este é o último texto que escrevo para a ISTOÉ. Depois de quase 10 anos, deixo a Editora Três. Mas não é sobre isso que quero falar. Aproveito a ocasião para confessar uma coisa: Deus do céu, como gente se expõe quando se mete a ser colunista. Neste espaço aqui, tentei ser honesto comigo mesmo. No duro, não escrevi para fazer pose, ou ser o mais maneiro dos colunistas, ou mostrar a erudição que não tenho ou, sei lá, me exibir para o chefe. Sério, não foi por nenhum desses motivos que escrevi: só queria ter sido eu mesmo. Pode rir agora, mas juro por tudo o que é mais sagrado que foi isso que tentei.

Não tenho a menor ideia se um único leitor gostou do que produzi. O que sei é que milhares odiaram. Ok, isso pode ter sido um exagero (sempre tem a família da gente para aplaudir os nossos textos), mas a proporção entre elogios e críticas foi descomunal. Descobri que, quase sempre, as pessoas que gostam do que escrevemos se calam e as que não gostam, gritam. Bastava dar uma espiada no Facebook da ISTOÉ no sábado de manhã, quando a edição já estava no ar, para sentir o estômago revirar. Fico com náuseas o fim de semana inteiro.

A violência dos haters é avassaladora. Quando falei sobre machismo, um sujeito me chamou de brocha. Defender mulheres é abrir a guarda para porradas. Quando critiquei a homofobia, uns desvairados escreveram que eu merecia levar uma surra. Se eu escrevia contra a redução da maioria penal, ameaçavam me matar. Se defendia a descriminalização das drogas, diziam que eu estava chapado. Para essa turma, direitos humanos é expressão proibida: há uns dois meses, a citei numa coluna e os mentecaptos disseram que eu deveria ser amigo de bandido ou, talvez, o próprio criminoso.

Apanhar tanto na internet produziu um efeito perverso: eu passei a odiar essa turma tanto quanto ela me odiou. Os haters provocaram em minha pessoa tamanha repulsa que também comecei a sentir um certo desejo de acoitá-los. De certa forma, eles estavam me tornando um idiota pior do que já sou. Mas não. Isso é errado. Se a gente não parar por aqui, a coisa vai ficar feia. Se você continuar xingando quem tem ideias diferentes das suas, o caminho pode não ter volta.

Como colunista, eu vi o lado sombrio de muita gente. Sim, estou me referindo a você. O próprio. O que entrou no Facebook agora para me xingar. Não faz isso, cara.

Se critico a homofobia, dizem que sou brocha. Se defendo mulheres,
ameaçam me dar uma surra. Falar em direitos humanos, nem pensar