Você conhece algum narcisista? Especialista explica o transtorno de personalidade

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Na última década houve grande crescimento na consciência das pessoas sobre saúde mental. A existência de transtornos e distúrbios e sua prevalência na sociedade são pautas na nossa cultura atualmente e é muito comum ouvir sobre pessoas narcisistas. O termo, usado vulgarmente como um adjetivo para pessoas muito autocentradas e egoístas é, contudo, diferente do usado no vocabulário médico e que se refere ao Transtorno de Personalidade Narcisista, caracterizado por um padrão generalizado de grandiosidade, necessidade de adulação e falta de empatia.

As características do transtorno podem variar, mas normalmente envolvem questões de ego e autoestima. “São pessoas que exageram suas realizações e potencialidades. São prepotentes e arrogantes. Consideram-se superiores e especiais, exigindo dos outros máxima atenção, pois esperam receber tudo o que desejam, não se importando com o custo que acarretará para o outro. Se acham com um poder ilimitado, belos e perfeitos, tem necessidade da admiração dos outros para manter sua autoestima. Não possuem empatia, são invejosos e acreditam serem merecedores de todas as benesses do mundo”, explica Maria Christina Kuhn, psicóloga de Orientação Psicanalítica e docente e supervisora do Instituto Wilfred Bion e GAEPSI – Associação Psicoterapia Psicanalítica.

Porém, esse diagnóstico só pode ser feito por um médico psiquiatra ou psicólogo. “São padrões de comportamento desajustados que acompanham a vida inteira do indivíduo e não só um período ou uma situação destinta. Possui uma forma diferente de pensar e interagir com o mundo”, explica Kuhn.

Relacionamentos tóxicos

Essa disfunção afeta principalmente os relacionamentos das pessoas que têm o transtorno de personalidade. Quem convive com uma pessoa que apresenta o transtorno em questão sabe a dificuldade que é lidar com as características e os comportamentos que são apresentados por eles. Qualquer tipo de relacionamento, amizade, familiar, amoroso, é afetado. “Os relacionamentos [de quem possui o transtorno] são difíceis eles e o fazem por interesse próprio. Eles exploram o outro para alcançar seu objetivo. Não toleram críticas e quando acontece são rancorosos e sentem-se injustiçados. Desvalorizam e não reconhecem as qualidades das pessoas com que se relacionam”, explica. Isso pode gerar relacionamentos tóxicos e até mesmo abusivos.

Tratamento

O diagnóstico e possível tratamento para o Transtorno de Personalidade Narcisista não é fácil. “O portador do transtorno geralmente não busca tratamento porque não relata danos para si, os maiores prejudicados são as pessoas com quem convive”, explica Kuhn. Quem possui a disfunção tem muita dificuldade com autocrítica e autoavaliação e normalmente atribui culpa aos outros, o que dificulta a procura por ajuda.

O tratamento envolve psicoterapia e monitorização por um especialista. Além disso, também pode ser feitas sessões de terapia com familiares ou grupos de apoio. Não existe um tratamento farmacológico específico para o transtorno de personalidade narcisista, mas é possível que o psiquiatra prescreva medicamentos para lidar com possíveis comorbidades, como a depressão.