18/09/2017 - 16:50
Os vizinhos de Sunbury-on-Thames receberam com surpresa a detenção de dois refugiados, que viviam em uma família de acolhida muito conhecida neste município perto da capital, supostamente relacionados com o atentado ocorrido na sexta-feira no metrô de Londres.
“É muito impactante”, declarou Jo à AFP, sem querer dar seu sobrenome.
“Nunca acreditei que pudesse acontecer algo assim”, acrescentou este homem, com o olhar focado na enorme grade de metal que a polícia colocou para impedir o acesso à Cavendish Road.
Sua casa, nesta pequena rua tranquila, fica muito perto da residência na qual a polícia continua fazendo uma operação desde o final de semana.
“É horrível, vemos estas coisas nos filmes e na televisão (…), até que um dia você se vê com alguém te apontando uma pistola e dizendo para você sair de casa em um minuto. Dá medo”, explicou outro vizinho, Stephen Griffiths, de 28 anos.
“Tive que ir ao médico hoje porque estava sofrendo de ansiedade. Tive que mostrar o meu passaporte à polícia para poder sair, é uma loucura”, acrescentou.
– ‘A princípio eram policiais normais’ –
Segundo os meios de comunicação britânicos, a casa onde foi feita a batida pertence a um casal, Ronald e Penelope Jones, de 88 e 71 anos, que há algum tempo trabalha como família de acolhida de jovens em situações complicadas, e que foi condecorado pela rainha Elizabeth II por esta ação.
As imagens de câmeras de segurança obtidas pela imprensa britânica mostram um jovem deixando a casa na sexta-feira pela manhã, com uma sacola semelhante a que continha a bomba artesanal que, pouco depois, não chegou a explodir completamente, mas lançou um clarão que deixou 30 pessoas levemente feridas em um vagão de metrô parado na estação de Parsons Green.
“Esta família é formidável. Os conheço há anos, o que aconteceu com eles é muito triste”, acrescentou Stephen Griffiths, descrevendo o casal como pessoas sempre dispostas a ajudar.
“Receberam mais de 200 crianças”, continuou. Diz nunca ter visto os dois suspeitos de 18 e 21 anos, detidos um dia depois do atentado reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), mas viu a polícia ir várias vezes até a casa.
“Em princípio eram policiais normais, como os que estão atrás de nós. Depois eram policiais em carros sem identificação, policiais à paisana. Foi quando comecei a suspeitar”, sentenciou.
No entanto, um porta-voz da polícia negou à AFP que tivessem vigiado o jovem antes do atentado.
Os nomes dos dois suspeitos não foram comunicados pela polícia. Sabe-se que o mais novo foi detido perto do porto de Dover, ponto de trânsito habitual até a Europa, mais especificamente até Calais, na França, ou Ostende, na Bélgica.
Este órfão iraquiano vivia na casa do casal Jones, segundo Ian Harvey, político de Sunbury citado pela agência britânica Press Association, a quem uma amiga da família disse que o jovem era “incontrolável”.
No entanto, uma vizinha afirmou sob anonimato que passou “várias vezes por ele, e era educado, sempre me cumprimentava”.
O segundo suspeito, que seria da Síria, foi detido em Hounslow, no subúrbio de Londres, para onde se mudou depois de ir embora da casa dos Jones.