O papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (8) aos jornalistas que o acompanharam na viagem ao Iraque que não pensa em voltar a viver em seu país de origem, caso algum dia renuncie ao papado.
O tema foi mencionado recentemente no livro de um médico e jornalista argentino. O papa, de 84 anos, ao responder uma pequena pergunta sobre o tema confirmou nesta segunda-feira que não pensa em retornar à Argentina.
“Não penso em voltar à Argentina, eu ficarei em minha diocese, em Roma”, disse, antes de acrescentar com humor: “Vivi 76 anos na Argentina. É suficiente, não?”.
O pontífice admitiu também que a viagem de três dias ao Iraque foi “muito mais” cansativa do que outras visitas ao exterior, em sua tradicional coletiva de imprensa a bordo do avião que o levava para Roma.
“Tenho que confessar que durante esta viagem me senti muito mais cansado do que nas outras”, afirmou Francisco, que foi visto mancando por uma dor ciática que o obrigou a cancelar vários compromissos no passado.
Durante a coletiva de imprensa com os mais de 70 jornalistas a bordo e que durou cerca de uma hora, o papa explicou que visitará a Argentina “quando tiver a oportunidade” e lembrou que pensou em viajar para o seu país em 2017, visita que teve que cancelar.
“Quando tiver a oportunidade, devo fazer. Argentina, Uruguai e o sul do Brasil, já que existe uma semelhança cultural”, destacou.
“Quero dizer isso, para que não haja fantasias de pátria-fobia”, enfatizou.
Como de costume, o papa falou sobre vários assuntos, desde o seu cansaço físico até os históricos encontros religiosos realizados em sua viagem de três dias ao Iraque, apesar da pandemia e da violência que atinge o país.
“Nesta viagem me cansei muito mais do que nas outras. Os 84 anos não chegam sozinhos”, confessou o papa, que caminhava com evidente dificuldade e em várias ocasiões precisou se apoiar em seus assistentes.
Francisco sofre há anos com uma dor no nervo ciático, que o impediu de participar de alguns eventos e há dois meses não pôde presidir as celebrações litúrgicas de fim de ano.
O papa explicou também que sua primeira viagem depois de 15 meses, classificada pela imprensa como a mais arriscada de seu pontificado, não foi “um capricho” e tinha como objetivo enviar uma “mensagem universal” de proximidade com o Islã.
“Muitas vezes é preciso correr riscos para dar este passo. Vocês sabem que há algumas críticas de que o papa não tem coragem, que não tem consciência e está agindo contra a doutrina católica, com risco de heresia. São riscos, mas essas decisões são sempre tomadas em oração, com diálogo, pedindo conselho. Essas decisões não são um capricho”, explicou o papa sobre os riscos da viagem.