Não se trata de posicionamento ou preferência ideológica. Fatos são fatos e não há como negar que historicamente boa parte dos avanços sociais em maior ou menor escala está diretamente ligada à capacidade de as pessoas se organizarem, discutirem e seguirem em frente. E com base nessa constatação a classe trabalhadora brasileira deveria estar agora brindando com muito entusiasmo o fim do imposto sindical! Uma vez terminada a “contribuição obrigatória”, que tunga um dia de salário de cada empregado, passa a ser possível no País o surgimento de outra forma de organização. Essa sim, capaz de debater problemas específicos de cada categoria, aglutinar interesses e construir relações sustentáveis na realidade e não resultado de ações meramente populistas, que com o correr do tempo simplesmente passam a comprometer os supostos avanços.

Com o fim do imposto sindical, a vida da pelegada que há décadas controla o sindicalismo brasileiro ficará mais difícil. Certamente não haverá a fartura de sindicaleiros profissionais como se tem hoje. O aparelhamento das entidades será reduzido e o lumpesinato que manipula a classe trabalhadora em nome de interesses pessoais ou de grupos que têm o hábito de se travestirem ficará mais restrito. Na prática, o fim do imposto sindical implica acabar com uma mamata que nas últimas décadas formou gerações de bate paus e “líderes” profissionais que nada têm a ver com a rotina de suas categorias. Bem remunerados, costumam agir apenas na hora de dissídios salarias e quase sempre colocam suas entidades a serviço de uma agenda determinada por partidos, centrais e patrões.

Sem o imposto sindical, as lideranças trabalhadoras terão que efetivamente estar ligadas à base e aglutinar as pessoas para que o sindicato seja algo vivo, que possa compreender as necessidades de cada categoria, que ajude o desenvolvimento profissional e pessoal de seus membros e que atue na defesa dos interesses coletivos, independente de orientação político-partidária.
A história registra que sindicatos fortes levam a avanços concretos. E sindicatos fortes se constroem com legitimidade de interesses e participação efetiva. Não com contribuições obrigatórias, que apenas fortalecem a pelegada.

Sem a “contribuição obrigatória”, que tunga um dia de salário de cada empregado, passa a ser possível o surgimento de outra forma de organização, que limite os pelegos e construa relações sustentáveis na realidade e não ações meramente populistas