Viúva do motorista Anderson Gomes, Ágatha Reis, foi a quarta pessoa a prestar depoimento no júri popular de Élcio Queiroz e Ronnie Lessa, assassinos confessos da vereadora Marielle Franco, realizado nesta quarta-feira, 30, no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).

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A mulher contou que se casou em 2014 e dois anos depois o casal teve o filho Arthur, que nasceu com uma condição especial rara. “Ele era um pai excelente”, afirmou a viúva, acrescentando que o motorista não conseguiu realizar o sonho que tinha como mecânico de aeronaves. No dia em que foi morto, Anderson foi fazer um exame admissional na TAP.

O homem trabalhava como motorista para conseguir levar renda para casa enquanto tentava a vaga como mecânico. “Durante o período que ele ficou rodando pela Uber, ele fazia um horário até de madrugada”, comentou Ágatha. Segundo a viúva, o casal dividia as despesas para cuidar da condição do filho, que, atualmente, aos oito anos, ainda precisa fazer fonoaudiologia por não falar.

De acordo com Ágatha, alguns laudos das condições de Arthur não foram concluídos por dependerem da coleta de Anderson. “A primeira coisa que o Arthur falou foi: ‘papai'”, contou a mulher, explicando que a morte do motorista prejudicou o desenvolvimento da criança.

“Nos primeiros anos eu não busquei tratamento para mim, foquei muito no Arthur”, relatou a mulher. Conforme Ágatha, o período da morte do motorista foi marcado por idas a delegacia e ao hospital, em decorrência de problemas de saúde do filho do casal. “Eu nunca tinha feito nada sem o Anderson, sempre tive ele ao meu lado.”

“Eu tinha 27 anos e não conseguia processar tudo. Eram várias coisas para conseguir equilibrar. Arthur, Anderson, a minha vida, não sabia se eu voltava a estudar. Eu achei que daria conta de fazer tudo o mais rápido possível”, explicou a viúva. “Sempre vai ter uma coisa que vai ser ‘a primeira vez sem o Anderson’.”

A mulher disse que tentou fazer as coisas “o mais rápido possível” após a morte do Anderson em uma tentativa de que a “dor passasse”. “Nunca vai passar”, ressaltou Ágatha, apontando que o motorista era “uma pessoa muito boa”.

A viúva reiterou que espera ver os responsáveis pelo atentado pagando pelo que fizeram.

Até o momento, já foram ouvidas Fernanda Chaves, jornalista e ex-assessora da vereadora que sobreviveu ao atentado a tiros contra o veículo conduzido por Anderson Gomes. Na sequência, Marinete Silva, mãe da vereadora, e Monica Benicio, viúva da vereadora, também foram ouvidas.