Vittia vê mais espaço para fertilizantes especiais em ano de incertezas para adubos

Vittia vê mais espaço para fertilizantes especiais em ano de incertezas para adubos

Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) – Após resultados positivos em 2021, o grupo de biotecnologia e insumos agrícolas Vittia projeta ganhos de competitividade para os fertilizantes especiais, em meio ao cenário de incerteza para a oferta de adubos convencionais causada pelo conflito envolvendo a Rússia, importante player global do setor.

A companhia registrou lucro líquido de 107,74 milhões de reais no ano passado, alta de 25,5% ante 2020. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado atingiu 176 milhões de reais, 54% maior frente ao ano anterior, conforme balanço financeiro divulgado nesta quarta-feira.

“Temos expectativa de continuar crescendo. Olhamos o cenário com mais oportunidades do que riscos e podemos continuar com um ritmo interessante de crescimento, não no mesmo nível do ano passado mas ainda positivo”, disse à Reuters o CFO do Grupo Vittia, Alexandre Del Nero Frizzo.

Ele afirmou que a guerra entre Rússia e Ucrânia deixou os produtores rurais preocupados sobre a disponibilidade de insumos à base de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) para a safra 2022/23.

O Brasil importa cerca de 85% de seu consumo em fertilizantes, enquanto a Rússia responde sozinha por 23% das importações brasileiras. Belarus, aliado dos russos na invasão à Ucrânia, representa mais 3% no fornecimento do insumo ao Brasil.

Com a maior dificuldade na cadeia de fertilizantes básicos, a tendência é que o agricultor esteja com a “cabeça mais aberta” para a adoção de insumos especiais –condicionadores de solo e organominerais, fertilizantes foliares, entre outros.

“Para os fertilizantes especiais vai ser uma grande oportunidade para que o produtor esteja mais aberto para entender as tecnologias e como pode agregar no seu sistema produtivo”, disse o executivo.

“O agricultor vai ter que olhar para outras alternativas e ao mesmo tempo vai ter que controlar o custo dele, plantar em um custo que deixe margem para ele.”

Segundo o CFO, os insumos nos quais a empresa atua, em geral, não sentem impacto direto de falta de matéria-prima em função da guerra. Apenas a linha de organominerais é parcialmente afetada, pois utiliza um “blend” de minerais com matéria orgânica.

“Por outro lado, ela ganha competitividade na ponta… usando organomineral a gente pode reduzir o uso de NPK”, afirmou Frizzo.

As linhas de insumos especiais já vêm de um cenário de ascensão para a empresa.

Em 2021, a receita líquida da Vittia somou 779 milhões de reais, avanço de 46,8% no comparativo anual. O resultado foi puxado por saltos de 192% para os condicionadores de solo e organominerais, 89% para defensivos biológicos e 31% para fertilizantes foliares, este último com o maior faturamento bruto, de 333,6 milhões de reais.

O CFO disse que o desempenho financeiro da companhia no ano passado contou com ganhos vindos de uma colheita recorde na safra 2020/21 e a expectativa positiva que se tinha para 2021/22, antes dos impactos da seca, considerando que a compra de insumos é realizada majoritariamente antes do plantio. “Isso beneficiou a Vittia”, afirmou.

“E o segundo ponto é que temos um crescimento inorgânico, fizemos uma aquisição em agosto de 2020 e 2021 foi o primeiro ano em que ela contribuiu os 12 meses para o resultado.”

Neste sentido, Frizzo disse que a empresa continua com apetite para realizar investimentos, contando com um nível de alavancagem considerado confortável, e está aberta para oportunidades de fusões e aquisições.

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