Os socialistas do primeiro-ministro António Costa venceram as eleições municipais de domingo (26) em Portugal, mas o triunfo foi ofuscado pela derrota surpreendente em Lisboa, que era administrada pelo partido há 14 anos.

De acordo com os resultados quase completos divulgados nesta segunda-feira (27), os socialistas venceram as eleições locais pela terceira vez consecutiva, com 34,4% dos votos e pelo menos 147 prefeituras.

A oposição de centro-direita venceu em 108 cidades, com 30,8% dos votos.

Já era esperado que o Partido Socialista conquistasse uma vitória menos expressiva que a registrada há quatro anos, quando a formação obteve o melhor resultado de sua história, com 161 prefeituras e 38% dos votos.

Na ocasião, o Partido Social-Democrata (PSD, centro-direita) e seus aliados conquistaram 98 municípios e 28% dos votos.

Porém, os eleitores da capital derrubaram todas as previsões com a eleição do ex-comissário europeu Carlos Moedas, que com a sua ampla coalizão de direita venceu o socialista Fernando Medina, com 35,8% dos votos, contra 31,7% para o atual prefeito.

Ao reagir aos resultados, António Costa se mostrou satisfeito com uma “vitória muito clara” em nível nacional, mas admitiu a “frustração” com a “derrota inesperada” em Lisboa.

O próximo prefeito da capital, Carlos Moedas, de 51 anos, foi comissário europeu de Ciência e Inovação entre 2014 e 2019.

Antes de sua passagem por Bruxelas, ele foi secretário de Estado e foi o responsável pelos contatos com a ‘troika’ de credores (União Europeia, Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) que, em 2011, aprovou um plano de resgate a Portugal em troca de um rigoroso plano de austeridade orçamentária.

– Nenhum município para a extrema-direita –

O líder do PSD, Rui Rio, que havia anunciado que deixaria a presidência do partido e este registrasse um resultado tão ruim como o de 2017, declarou que “hoje estamos em melhor situação para vencer as legislativas de 2023”.

Costa governa o país desde 2015 com o apoio tácito dos partidos de esquerda antiliberal, que no domingo registraram um resultado pior que nas municipais anteriores.

As eleições aconteceram em um contexto globalmente favorável ao governo de António Costa, que acabara de anunciar que, a partir da próxima quinta-feira (30), grande parte das restrições sanitárias ainda em vigor será suspensa.

O primeiro-ministro participou ativamente da campanha e prometeu ajuste de rumos na economia, duramente afetada pela pandemia da covid-19, com projetos de investimento financiados pelo plano europeu de recuperação econômica.

No Porto, a grande cidade do norte do país, o independente Rui Moreira conquistou o segundo mandato, com ampla margem, confirmando as previsões das pesquisas.

O partido de extrema-direita Chega, cujo líder André Ventura registrou um importante avanço nas eleições presidenciais de janeiro, obteve 4,2% dos votos, mas não conquistou nenhuma prefeitura.