Vitor Kley dá ‘start’ em novo álbum e reflete sobre morte do pai: ‘Sinto ele comigo’

Filho do ex-tenista Ivan Kley, cantor falou sobre os novos rumos da carreira, abriu o coração sobre romances e admitiu preocupação com a fama

Rodolfo Magalhães
Vitor Kley apostou no azul para lançar seu novo álbum com 11 faixas Foto: Rodolfo Magalhães

Vitor Kley pretende atingir lugares mais profundos com o seu novo álbum, “As Pequenas Grandes Coisas”, com 11 faixas, lançado na última sexta-feira, 25, nas plataformas digitais. O cantor, que perdeu o pai, o ex-tenista Ivan Kley, em 3 de abril deste ano, durante a concepção do projeto, afirma que agora, mais do que nunca, as canções que compõem o disco se tornaram mais especiais.

“A [faixa] ‘Vai Por Mim’ é a do meu pai, que eu fiz uma homenagem a ele, é a mais poderosa […] Tenho a nítida impressão de que esse álbum se tornou ainda mais forte por essa questão e pela percepção dessas pequenas grandes coisas. A gente tem que valorizar as pessoas que estão ao nosso redor, dizer mais ‘eu te amo’, ser mais atento a esses pequenos grandes gestos”, declara em entrevista exclusiva à IstoÉ Gente.

Aos 30 anos de idade e prestes a se mudar para uma casa maior, em meio à natureza, na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo, o músico – que explodiu em 2018 com o hit “O Sol” -, busca se reconectar com suas origens e tem ficado mais tempo com a família desde o falecimento de Ivan. Segundo ele, esta é uma forma de se aproximar de seu pai, em meio a tantas lembranças.

“Meu pai era um grande tenista, então, quando eu jogo tênis [sinto ele comigo], quando surfo também ou corro no parque, sinto meu corpo se reenergizando. E estar com pessoas que a gente ama também é uma forma de estar com ele. Com esse acontecimento do meu pai, trouxe a minha mãe para perto, cuido dela, abraço, beijo, deito no sofá com ela, a esmago [risos]. São momentos muito importantes”.

Vitor mergulhou de cabeça no projeto que, desta vez, é independente. Ele desfez uma parceria de dez anos com sua antiga gravadora e apostou no projeto ao lado dos produtores Paul Ralphes, Giba Moojen, Marcelo Camelo e Felipe Vassão.

Sobre o novo desafio profissional, o músico admite que ficou com medo no início, mas não deixou se abater.

“Rolou um medinho, mas chegou a hora de fazer novos voos. E sempre que tu vai voar em um céu novo, visitar novos horizontes, dá esse medinho, dá um friozinho na barriga. Mas acho que as pessoas que gostam de mim merecem ter novos horizontes e tenho que seguir meu caminho. A coragem é isso, a gente tem que ir mesmo com medo”, completa o músico, que admite preocupação na hora de compor as músicas que passarão uma mensagem otimista a quem ouvir.

“A música tem um potencial extremo de transformação, é quase como se fosse uma magia, um superpoder. Depois que as coisas aconteceram com ‘O Sol’ e tudo mais, muitas mensagens de salvar vidas mesmo, de curar corações, curar almas, curar pensamentos, acho que isso tem uma extrema importância no mundo que a gente vive hoje, onde está tudo tão veloz e as coisas estão bem rasas. Então, eu me preocupo com isso”.

“E se eu tenho essa missão com a arte, vou agarrar com unhas e dentes e vou ter muita responsabilidade nas minhas escolhas. Tenho a nítida percepção de que meu trabalho vai de 8 a 80. Crianças gostam do meu trabalho, idosos, famílias, adolescentes. E a música tem um papel muito importante na evolução do ser humano. Então, nesse álbum, tento trazer essas questões mais filosóficas e existenciais”, analisa Kley, que reconhece que o início da fama o fez questionar valores.

“Em alguns momentos eu quase me perdi, confesso, foi bem caótico para a minha cabeça entender tudo que estava acontecendo, ali, em 2018. Acho que o cara acaba ficando meio maluco, tá ligado? Um milhão de amigos, mas não são amigos de verdade, esse negócio do ego muito presente em todos os lugares que o cara vá. Pensei que não era para mim e que bom, porque realmente a minha natureza não é essa”.

“E agora, mesmo que eu esteja lidando com a fama, eu sinto que consegui trazer o meu DNA de ser uma pessoa simples e do meu jeito”, argumenta o artista.

Vitor Kley dá 'start' em novo álbum e reflete sobre morte do pai: 'Sinto ele comigo'

Vitor Kley lança “As Pequenas Grandes Coisas”, em tons de azul – Foto: Rodolfo Magalhães

Romances

Mente aberta quando o assunto é relacionamento, Vitor Kley não escondeu seu lado romântico durante o bate-papo. O cantor, que já teve relacionamentos assumidos com Gabi Melin e Carolina Loureiro – e foi visto no fim de 2024 em clima de intimidade com Bianca Andrade em um show da Liniker, em São Paulo – confessa, sem citar nomes, que se arrepende de não ter dado “chance para amores incríveis”.

“A nossa vida é muito corrida, sinto que tive grandes amores na minha vida, mas que eu não tive a oportunidade de viver o que aquele amor merecia, sabe? Isso é uma coisa recorrente na minha vida”, afirma.

“Entendo que foi uma escolha minha, que eu estava focado no trabalho, queria fazer acontecer a carreira e tudo mais. Mas, se eu paro para pensar nesses amores, eu falo: ‘Cara, era do car**lho’, e não deu certo. E as vidas das pessoas também eram muito corridas”, lamenta ele.

“É uma coisa que dói um pouco e não acho nem justo pedir para a pessoa largar tudo. Eu falava: ‘Eu não acho justo você deixar a sua família, sua profissão, que você tanto se dedicou, para seguir também comigo’. Acho que é uma forma muito egoísta de analisar”, frisa ele que, apesar disso, não desiste do amor.

“Segue o teu caminho aí, se for para a gente se encontrar, depois, a gente se encontra. Eu acredito demais em reencontros, mas estou muito focado em mim, no amor próprio, encontrar pessoas que somem para esse momento de vida também. E acho que também é normal por estar muito focado no trabalho. Mas, estou sempre aberto”, diz ele, pontuando as qualidades que se atenta a uma possível parceira.

“Quando conheço uma pessoa, fico muito atento se ela é ‘da hora’, inteligente, tem altas ideias e se os assuntos colam. Mas não estou muito naquela busca ansiosa de precisar ter alguém, estou deixando que venha algo que seja legal para mim e para a pessoa também. Não adianta estarmos na vida de alguém só por uma questão de posse. A gente tem que estar para somar na vida da outra pessoa, fazer bem”, encerra.

Vitor Kley dá 'start' em novo álbum e reflete sobre morte do pai: 'Sinto ele comigo'

Vitor Kley lança “As Pequenas Grandes Coisas”, em tons de azul – Foto: Rodolfo Magalhães