Vítimas de minas aumentam e tratado de proibição enfrenta ‘desafios’ sem precedentes, alerta relatório

O uso de minas em Mianmar, Ucrânia e outros conflitos, somado às reduções no financiamento para a sua remoção, provocou um aumento no número de vítimas em 2024, alertou um relatório divulgado nesta segunda-feira (1º), que adverte que o tratado de proibição internacional enfrenta “desafios” sem precedentes.

Segundo o relatório Landmine Monitor 2025, publicado pela Campanha Internacional para a Proibição das Minas Antipessoais (ICBL), 6.279 pessoas ficaram feridas ou morreram devido a minas e restos de explosivos de guerra em 52 países e regiões no ano passado.

Os civis, dos quais metade são crianças, representam 90% das vítimas a nível mundial, de acordo com o relatório.

O número total de vítimas, das quais 1.945 morreram, aumentou em cerca de 500 em relação ao ano anterior e é o balanço anual mais elevado desde 2020.

Segundo o relatório, “a população civil sofre as consequências, já que os esforços para retirada de minas enfrentam uma diminuição do apoio internacional às atividades humanitárias”.

A organização denuncia que “também surgiram desafios sem precedentes à proibição internacional de minas antipessoais, em vigor há mais de 25 anos”, porque cinco países da Otan anunciaram em março que abandonariam o tratado.

“Cinco Estados renunciaram às suas obrigações derivadas dos tratados em questão de meses, quando as evidências mostram que, se utilizarem minas, podem ser necessárias décadas e enormes recursos para limpar as terras contaminadas e ajudar as novas vítimas, que sofrerão as consequências do uso de minas muito depois de o conflito ter terminado”, acrescentou.,

“As normas do Tratado estão sob ameaça direta, já que Estônia, Finlândia, Letônia, Lituânia e Polônia estão em processo de retirada conforme o Artigo 20 do tratado”, afirma a ICBL.

O relatório também destaca a tentativa da Ucrânia de “suspender” sua aplicação devido ao conflito que começou há quase quatro anos com a invasão russa.

O aumento no número de vítimas foi provocado em grande parte pelas minas utilizadas em países que não pertencem ao tratado, como Mianmar, Síria e Rússia, e Ucrânia, que pertence.

O relatório constata que a Rússia utilizou minas antipessoais “de maneira intensiva” na Ucrânia desde fevereiro de 2022.

Há indícios de que a Ucrânia as utiliza, indica o relatório, mas não está clara sua magnitude. A Ucrânia registrou cerca de 300 vítimas desses dispositivos no ano passado.

Mianmar, devastado por uma guerra civil, registrou o maior número de vítimas no mundo em 2024 pelo segundo ano consecutivo, com 2.029 pessoas feridas ou mortas.

Na segunda posição está a Síria, com 1.015 vítimas.

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