Uma criança, vítima de estupro, acusou freiras de um orfanato católico na Alemanha de aliciar jovens para padres, políticos e outros homens com poder. Hoje, a vítima tem 63 anos e permanece anônima, mesmo tendo lutado e vencido uma batalha judicial por indenização aos crimes que sofreu.

Segundo a reportagem publicada no jornal americano New York Post no final de dezembro de 2020, os abusos teriam começado em março de 1963, quando o jovem tinha apenas 5 anos. Hoje, ele luta contra o transtorno de estresse pós-traumático e a depressão. O homem recebeu 25 mil euros (R$ 133 mil) em tribunais alemães devido as alegações de que ele foi estuprado mais de mil vezes. Ele ainda afirmou que não era a única vítima.

O caso foi abordado publicamente pela primeira vez quando o bispo alemão de Speyer, Karl-Heinz Wiesemann, falou sobre o ex-oficial da diocese Rudolf Motzenbäcker, que foi citado como um dos agressores no caso da vítima. Rudolf morreu em 1998.

De acordo com o relato da vítima para a revista alemã Der Spiegel, ele era espancado e “literalmente arrastado” por freiras para a casa de Motzenbäcker, onde era rotineiramente abusado sexualmente. O homem também relatou que foi retirado do orfanato para aparecer em “festas de sexo”, facilitadas por freiras em nome do clérigo e da elite local. “As freiras eram cafetinas”, disse ele em depoimento no tribunal.

“Havia uma sala onde as freiras serviam bebidas e comida aos homens e, no outro canto, as crianças eram estupradas”, citam os autos do tribunal. “As freiras ganhavam dinheiro. Os homens doavam generosamente”, afirmou.

“Às vezes, eu voltava correndo para casa com roupas sujas de sangue, o sangue escorria pelas minhas pernas”, finalizou a vítima. Segundo ele, até deixar o orfanato, em setembro de 1972, teria sido abusado sexualmente cerca de mil vezes.