O pedido de vista do desembargador do TRE do Paraná José Rodrigo Sade no processo que julga as contas eleitorais do senador Sergio Moro (União-PR) pode atingir em cheio projetos eleitorais de eventuais candidatos se ele for cassado, se não houver apresentação de voto e outros pedidos de vista até maio.

O calendário da Justiça Eleitoral explica. Caso Moro seja cassado, a esposa Rosângela Moro – deputada federal eleita por São Paulo – e a ex-primeira dama do Brasil Michelle Bolsonaro têm até dia 8 de maio para transferirem seus domicílios eleitorais para o Paraná a fim de disputarem a eleição suplementar. Aventa-se nos corredores de Brasília essa possibilidade para ambas. Mas se o processo ultrapassar dia 8 de maio, elas ficam fora da eventual disputa.

Todavia, como notório nesta segunda-feira (1º), Moro ganhou um fôlego com o voto do desembargador-relator do processo no TRE, Luciano Falavinha, contra a sua cassação do mandato por problemas nas contas eleitorais. Quem pediu vista foi o recém-chegado à Corte regional, desembargador José Rodrigo Sade – nomeado pelo presidente Lula da Silva e tido nos bastidores como voto certo pela cassação. Ocorre que ele elogiou ontem o voto do relator. A conferir.

Outro indicado por Lula da Silva, desembargador Júlio Jacob, empossado em maio passado, ainda vai votar. Nas contas da oposição, estes dois juízes serão pela cassação. Mas esse é o critério político, na visão dos adversários de Moro. Não só Rosângela Moro – cuja intenção já é fato – e Michelle Bolsonaro – cuja eventual candidatura ainda se ensaia dentro do PL – estão no páreo. A deputada federal e presidente do PT Gleisi Hoffmann pode aparecer na disputa. Suplente de Moro, o bolsonarista Paulo Martins, o 2º mais votado no Paraná para o Senado, também é nome certo na urna. E o deputado federal e ex-líder na Câmara e ex-ministro da Saúde Ricardo Barros também pode surgir no eventual pleito, se Moro cassado. Barros, aliás, é uma incógnita sobre para que lado pende na linha política. Apesar de aliado dos Bolsonaro, ele esteve com o presidente Lula da Silva no Palácio da Alvorada, semana passada, a convite, numa agenda que ainda é mistério.

Sergio Moro está sendo julgado por não apresentar na prestação de contas de seu campanha vitoriosa como senador os gastos da pré-campanha como pré-candidato a presidente da República em 2022 pelo Podemos. A denúncia foi apresentada pelo PT e pelo PL , partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.