ROMA, 9 AGO (ANSA) – Um estudo realizado por um hospital de referência na Itália apontou que o vírus da varíola dos macacos pode permanecer no sêmen humano por quase 20 dias.   

Além disso, o patógeno é capaz de se replicar e potencialmente contaminar outras pessoas através do esperma na fase aguda da infecção.   

Publicado na revista Lancet Infectious Diseases, o estudo foi elaborado por pesquisadores do Instituto Lazzaro Spallanzani, hospital de Roma que é a maior referência no combate a doenças infecciosas na Itália, e se baseia no caso de um paciente de 39 anos.   

O homem foi internado no instituto cinco dias após o aparecimento de sintomas típicos da varíola dos macacos: febre e lesões na genitália, no rosto, no tórax, nas pernas, nos braços e nas mãos.   

A equipe do Spallanzani acompanhou os traços do vírus em diversos fluidos corporais durante 19 dias, descobrindo uma forte persistência do patógeno no sêmen, onde permaneceu até o último dia de análises, ainda que em quantidades mínimas na parte final.   

“Em nossa opinião, o caso aqui discutido confirma que a atividade sexual pode ser uma via de transmissão do vírus da varíola dos macacos possível e reconhecida”, diz o estudo.   

O mesmo Lazzaro Spallanzani iniciou na última segunda-feira (8) a campanha de vacinação do governo italiano contra a doença, que é voltada a funcionários de laboratório com possível exposição direta ao Orthopoxvirus (gênero de vírus causadores da varíola), pessoas gays, transgênero, bissexuais e homens que tiveram relações sexuais com homens.   

Dentro dessas categorias, serão priorizados indivíduos que tenham tido um ou mais dos seguintes comportamentos: relações sexuais com mais de um parceiro nos últimos três meses, participação em eventos de sexo de grupo, participação em encontros sexuais em clubes e saunas, infecção sexualmente transmitida no último ano e hábito de consumir drogas químicas durante atos sexuais.   

Segundo o último boletim do Ministério da Saúde, divulgado nesta terça-feira (9), a varíola dos macacos já contaminou pelo menos 599 pessoas na Itália, sendo 590 homens e nove mulheres. (ANSA).