O impacto desse problema cardíaco na infância foi abordado em um novo documento da Associação Americana do Coração. Confira os destaques

Priscila Carvalho, da Agência Einstein

Os vírus são a causa mais comum de miocardite, um problema sério no coração, em crianças. A informação é de um novo comunicado da Associação Americana do Coração, publicado no periódico Circulation, que visa alertar sobre o quadro e trazer as melhores formas de combatê-lo.

O elo entre infecções virais e miocardite na infância não é novo.  O documento recente na verdade reforça a importância do diagnóstico precoce e serve como um alerta, já que foi observado um aumento no número de casos após pacientes contraírem a Covid-19.

“A miocardite tem características distintas em crianças e um impacto potencial ao longo da vida”, ressalta o cardiologista pediátrico Yuk M. Law, diretor do Serviço de Transplante Cardíaco e Insuficiência Cardíaca do Hospital Infantil de Seattle, em um comunicado à imprensa.

A condição tem como principal característica a inflamação no músculo cardíaco. Entre uma e duas crianças americanas a cada 100 mil são diagnosticadas por ano nos Estados Unidos — é considerado um problema raro nesse público. “Na infância, os sintomas não são tão exuberantes quanto em adultos”, explica Bruno Valdigem, eletrofisiologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Os sinais mais comuns nessa população incluem fadiga, falta de ar, dor abdominal e febre — manifestações que podem sugerir diferentes problemas de saúde. O desconforto no peito também pode ocorrer, mas é mais frequente em adultos.

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Ataque viral ao coração

A miocardite surge devido a uma ação intensa do sistema imunológico do paciente, o que provoca uma inflamação exacerbada. Ela pode acontecer por diferentes motivos. No caso dos vírus, o corpo tenta se proteger, mas desencadeia uma resposta exagerada, que acaba atacando as células do coração. Os primeiros sintomas tendem a aparecer em torno de 15 dias depois da infecção.  

Não são todos os vírus que causam ou agravam esse problema nas crianças. De acordo com Valdigem, o agente mais comum é o Coxsackievirus, também responsável por casos de meningite e amigdalite, entre outros. Influenza (que provoca a gripe), rubéola, adenovírus e enterovírus também provocam a enfermidade, mas em escala menor.

Rica Buchler, cardiologista e diretora da Reabilitação Cardíaca do Instituto Dante Pazzanese, destaca a importância do diagnóstico precoce. Quanto mais a doença evolui, maior o risco de sequelas graves. “Dependendo do grau da inflamação, há possibilidade de insuficiência cardíaca, arritmia e até morte”, enumera a especialista. Contudo, quando a detecção é rápida, mais da metade dos pacientes saem sem sequelas.

Nas primeiras queixas, é fundamental levar a criança ao pediatra. Se ele desconfiar da miocardite, pode solicitar exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e ressonância magnética.

Quando a doença é constatada, o tratamento envolve diferentes medicamentos, que dependem da avaliação profissional e do quadro da criança. Às vezes a internação é necessária para controlar complicações e acompanhar o paciente de perto. Em situações muito específicas, cirurgias ou o transplante de coração podem ser necessários.

(Fonte: Agência Einstein)

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